Figura 6.23 Ecocardiograma em plano transversal de linfoma cardíaco do cão da Figura 6.22. O tracejado delimita o tumor

de aspecto cavitário, hipoecogênico e heterogêneo. AE = átrio esquerdo; AO = aorta; VD = ventrículo direito.

Deve­se lembrar de que nem todas as massas representam neoplasia. Deve­se excluir a presença de abscessos, cistos,

hematomas, granulomas e os aumentos fisiológicos de volume, entre outros fatores.

Massas abdominais podem ser ocultadas pela presença de fluido intra­abdominal, que deve ser removido antes da

realização de outra radiografia, a qual deve ser feita para identificar, com maior precisão, a presença da massa. Pode­se

avaliar a origem desta pela sua posição e a intensidade de deslocamento de outros órgãos.

A ultrassonografia é meio de diagnóstico seguro, não invasivo, que raramente requer a contenção química do animal.

Permite confirmar diagnósticos radiológicos ou clínicos de massas abdominais e facilita a localização do órgão de origem e

a identificação de doenças concomitantes em outros órgãos. Aspiração com agulha fina ou biopsia guiada por ultrassom dá

suporte a um diagnóstico definitivo dessas massas.

Fígado

Neoplasias hepáticas são as causas comuns de aumento focal ou generalizado do órgão. Radiograficamente, a alteração

mais comum é a hepatomegalia. Pode ser mais difícil identificar aumento de um lobo específico comparado a um aumento

generalizado do órgão. Na projeção lateral, pode­se avaliar a hepatomegalia pelo deslocamento caudodorsal do piloro em

relação à região cárdia e ao fundo gástrico, onde a linha central do estômago torna­se angulada caudalmente, ultrapassando

o arco costal (Figura 6.24). Na projeção ventrodorsal, estômago, duodeno proximal, rim direito e cólon transverso podem

estar deslocados caudal e medialmente. Porém, essas alterações dependem do grau e do número de lobos aumentados.

O contraste de bário do trato gastrintestinal superior pode adicionar informações, por meio da melhor observação do

deslocamento do estômago e do duodeno secundário à neoplasia hepática. Algumas vezes, pode ser útil o uso de

pneumoperitônio para determinar o tamanho e o formato de um lobo hepático. Porém, essas técnicas são pouco utilizadas

na rotina veterinária, uma vez que a ultrassonografia tornou­se uma das melhores maneiras de avaliar as alterações do

parênquima hepático.

À ultrassonografia, as lesões com um centro ecogênico, circundado por uma borda mais sonolucente, denominadas

lesões tipo “alvo”, frequentemente são lesões neoplásicas (Figura 6.25). As lesões focais ou multifocais, hipoecoicas ou

mistas são mais comuns do que as lesões focais uniformemente hiperecoicas (Figura 6.26).

A identificação de uma neoplasia solitária no fígado, primária ou metastática, implica a necessidade de que o restante do

abdome seja minuciosamente avaliado em busca de fluido livre ou linfonodopatia. A lesão hepática solitária em um animal

sadio aumenta a possibilidade de que esta seja benigna, especialmente se o tamanho do fígado for considerado normal.

Existem tumores hepáticos que, com frequência, apresentam determinado padrão ultrassonográfico, auxiliando em sua

identificação e no prognóstico. O carcinoma hepatocelular fre­quentemente tem o aspecto ultrassonográfico de uma massa

única, grande e hiperecogênica (Figura 6.27), mas também pode aparecer como lesão focal ou multifocal e de ecogenicidade

mista. Deve­se considerar o linfossarcoma em animais com hepatomegalia quando o fígado apresentar­se normal ou houver

lesões hepáticas focais ou multifocais, mesmo sem linfonodopatia periférica.

Figura 6.24 Imagem radiográfica lateral­direita (A) e ventrodorsal (B) do abdome de um cão com neoplasia hepática. A.

Hepatomegalia que produz o deslocamento caudodorsal do piloro e do fundo gástrico, com o estômago ultrapassando o

arco costal. B. Estômago, duodeno proximal, rim direito e cólon transverso encontram­se deslocados caudal e

medialmente.

Figura 6.25 Ultrassonografia em plano parassagital direito do fígado de uma fêmea canina, 5 anos de idade, da raça

Pitbull. Observa­se neoplasia focal com centro ecogênico circundado por borda sonolucente.

Figura 6.26 Ultrassonografia em plano sagital do fígado de um cão macho, 12 anos de idade, da raça Teckel,

apresentando neoplasia primária com lesões multifocais hipoecoicas.

Os hemangiossarcomas podem ser vistos como massas hipoecogênicas com lojas anecogênicas entremeadas.

O tumor venéreo transmissível hepático em cão pode ser observado como múltiplas lesões tipo “alvo”, típicas de

metástase, cujo centro é hiperecogênico, rodeado por imagem hipoecogênica, dispersa pelo parênquima, apresentando­se

com bordas irregulares e com dimensões aumentadas.

Os aspectos ultrassonográficos da neoplasia hepática são muito variáveis, e o mapeamento Doppler pode ser uma

ferramenta útil na abordagem dessas formações (Figura 6.28).

Diferentes tipos histológicos de tumores primários ou metastáticos podem parecer extremamente semelhantes, tornando

o exame ultrassonográfico ineficaz para determinar o tipo celular. Deve­se realizar, para a obtenção do diagnóstico

definitivo, a biopsia aspirativa com agulha fina ou Tru­cut guiada por ultrassom ou a biopsia cirúrgica.

Vesícula biliar e trato biliar

Neoplasias que acometem a vesícula biliar são facilmente identificadas à ultrassonografia quando confinadas a sua parede.

As neoplasias que envolvem o trato biliar não podem ser distinguidas de outras neoplasias hepáticas, em razão do seu

aspecto variável. Para a obtenção de diagnóstico definitivo, é necessária a aspiração com agulha fina ou a biopsia.

Baço

Lesões neoplásicas focais ou multifocais em baço normalmente têm origem de sarcomas; o hemangiossarcoma e o

linfossarcoma são os tipos tumorais comumente encontrados. Metástases esplênicas são menos comuns, comparadas a

metástases hepáticas, uma vez que o fígado apresenta duplo suprimento sanguíneo. Entre as metástases esplênicas,

destacam­se os carcinomas pancreáticos, mamários e o carcinoma hepatocelular. Comumente, a neoplasia primária

caracteriza­se por apresentar massa única e metástase multifocal.

Figura 6.27 Varredura ultrassonográfica de parênquima hepático com presença de área hiperecogênica e heterogênea

entremeada à topografia de lobos direitos de contornos irregulares. Cão macho, Schnauzer, 11 anos. Diagnóstico:

carcinoma hepatocelular. M = massa.

Nas radiografias, quando a massa encontra­se no interior do parênquima, a lesão é frequentemente associada ao corpo ou

à cauda do baço. Se a neoplasia for difusa, observam­se esplenomegalia e variável grau de efusão. Em gatos, o aumento

generalizado do baço muitas vezes indica doença infiltrativa, como linfossarcoma ou mastocitoma. Massas em topografia

de cabeça esplênica causam deslocamento caudodorsal das alças intestinais em projeção lateral e deslocamento caudal e

lateral direito na projeção ventrodorsal. Em razão do ligamento gastresplênico, a parte proximal do baço torna­se

relativamente imóvel. Em geral, massas nessa região causam deslocamento da grande curvatura do estômago,

especialmente na projeção ventrodorsal. Massas em região de corpo e da cauda do baço são as causas mais comuns de

aumento de volume com radiopacidade de água em região mesogástrica ventral na projeção lateral (Figura 6.29).

Figura 6.28 Fêmea canina, Poodle, 15 anos. A. Grande nódulo hiperecogênico e heterogêneo em lobos esquerdos. B.

Área levemente hipoecogênica e heterogênea entremeada ao nódulo (setas). C. Mapeamento Power Doppler de área

citada em (B), demonstrando importante vascularização central e periférica, sugerindo hipervascularização

(neoangiogênese). M = massa.

Figura 6.29 Imagens radiográficas laterais/direita de abdome. A. Cão macho, 7 anos de idade, sem raça definida, com

neoplasia (corpo do baço) em região mesogástrica ventral apresentando radiopacidade de água. B. Fêmea canina, 13 anos

de idade, sem raça definida, com neoplasia no corpo e na cauda do baço.

Lesões focais em baço são facilmente identificadas à ultrassonografia, porém o diagnóstico definitivo é restrito; baseiase apenas em seu aspecto ultrassonográfico, uma vez que hematomas, nódulos hiperplásicos, necroses vasculares,

distúrbios inflamatórios e condições neoplásicas primárias ou metastáticas podem produzir imagens ultrassonográficas

similares (Figura 6.30). A doença neoplásica focal pode ser identificada como áreas mistas ou hipoecoicas, podendo ter

definição insuficiente de suas margens e, ocasionalmente, apresentar septações. A margem esplênica pode ser rompida pela

lesão se esta estiver localizada na região subcapsular. Como consequência, pode haver fluido livre intra­abdominal, como

sangue, particularmente nos casos de hemangiossarcoma.

Doença infiltrativa difusa pode ser sutil e, portanto, não percebida à ultrassonografia. A ecogenicidade do órgão pode

estar reduzida ou aumentada, como no caso do linfossarcoma, e o parênquima pode apresentar­se normal ou, às vezes, com

ecotextura grosseira.

O linfoma apresenta ampla variedade de aspectos ultrassonográficos. Sua apresentação ultrassonográfica mais comum é

a esplenomegalia difusa, com ecogenicidade normal ou reduzida, superfície irregular ou lisa e ecotextura grosseira. Pode

ainda apresentar­se como pequenas áreas anecoicas e hipoecoicas, sem produção de reforço acústico posterior. O contorno

pode estar mal definido e a ecogenicidade ser normal ou reduzida, o que resulta em padrão semelhante ao “favo de mel”.

Em alguns casos, há aumento difuso da ecogenicidade. Um aspecto menos comum é a esplenomegalia com presença de

áreas hipoecogênicas dispersas pelo parênquima ou com múltiplas cavidades ecogênicas e complexas (necrose, hematomas,

nódulos hiperplásicos). Em gatos, descreveram­se também os mesmos aspectos, sendo, porém, mais comum a forma em

que se visibiliza esplenomegalia hipoecogênica difusa, com ecotextura grosseira, ou inúmeros e pequenos focos

hipoecogênicos, com a superfície lisa. Devem­se avaliar linfonodopatia abdominal e o envolvimento de outros órgãos,

como o fígado ou o trato gastrintestinal. É comum a presença de fluido livre abdominal. A radiografia torácica pode

demonstrar linfonodopatia nos linfonodos esternal, mediastinal e traqueobrônquico, assim como metástase pulmonar.

Figura 6.30 Ultrassonografia em plano parassagital esquerdo do baço de um cão macho, 9 anos de idade, da raça Poodle,

com lesões multifocais hipoecoicas difundidas no parênquima.

Pode­se considerar o hemangiossarcoma, apesar do aspecto ultrassonográfico variável, na presença de um grande nódulo

localizado em uma das extremidades do baço.

Devem ser considerados com aspecto e ecogenicidade complexos, caracterizados por áreas anecogênicas (hematomas

agudos e cistos), hiperecogênicas (mineralizações e fibroses) e ecogênicas não homogêneas (canais cavernosos de sangue,

hematoma crônico, cisto, área de necrose ou abscesso), além de múltiplas e pequenas áreas císticas com reforços acústicos

posteriores (Figura 6.31). Ao contrário do hemangiossarcoma, o liomiossarcoma e o mastocitoma são, com frequência,

homogêneos e hipoecogênicos.

Em geral, histiocitose acarreta esplenomegalia hipoecogênica, podendo ocorrer na forma de múltiplos e grandes nódulos

com ecogenicidade complexa. Pelo fato de as lesões no baço não serem específicas, é necessária a biopsia aspirativa com

agulha fina para o diagnóstico conclusivo.

Glândulas adrenais

As neoplasias adrenais caninas incluem adenoma, carcinoma adrenocortical e feocromocitoma, além das possíveis

metástases. Em animais normais, as glândulas adrenais não são visibilizadas radiograficamente. Na presença de neoplasias,

a adrenal pode estar aumentada e calcificada, o que possibilita sua visibilização à radiografia. Em gatos, observou­se a

calcificação sem aumento glandular, neoplasia ou qualquer outra lesão que afete a adrenal. A suspeita radiográfica de lesão

em massa nas adrenais pode se basear na presença de massa de tecidos moles ou calcificação na região craniomedial ao rim

correspondente, que pode estar deslocado no sentido caudolateral. Massas na glândula adrenal esquerda podem deslocar a

região do fundo do estômago cranialmente, o cólon transverso caudoventralmente e o rim esquerdo caudalmente. Pode ser

mais difícil visibilizar massas na glândula adrenal direita, em razão da sua proximidade com o fígado.

Figura 6.31 Ultrassonografia em plano parassagital esquerdo do baço de um cão macho, 6 anos e 7 meses de idade, da

raça Akita, com a presença de um grande nódulo localizado na cauda do baço (hemangiossarcoma). Observa­se lesões

multifocais hipoecoicas e fluido livre na cavidade abdominal.

A utilização de pneumoperitônio em projeção dorsoventral ou lateral horizontal pode auxiliar na avaliação das glândulas

adrenais. O venograma da veia cava caudal pode mostrar obstrução ou fluxo sanguíneo venoso defeituoso.

Em geral, o aumento bilateral das adrenais sugere hiperplasia e possível hiperadrenocorticismo, ao passo que um

envolvimento unilateral sugere processo neoplásico. Quando há processo neoplásico unilateral, pode ser mais difícil a

avaliação da glândula contralateral, pela possível atrofia compensatória. Embora existam diferenças consideráveis de

tamanho, se o diâmetro da glândula à ultrassonografia exceder 2 cm, será maior a possibilidade de neoplasia. Há

considerável sobreposição de tamanho entre as glândulas adrenais afetadas pelo hiperadrenocorticismo pituitáriodependente e aquelas afetadas pela neoplasia.

Por meio do exame ultrassonográfico, é possível observar as dimensões das glândulas adrenais, do parênquima e dos

contornos, com exceção dos casos em que as massas não são visibilizadas em decorrência da gordura perirrenal ou da

presença de gás causando reverberação. A maioria das massas adrenais é ovoide ou esférica e tem ecogenicidade

semelhante ao córtex renal.

Na doença neoplásica, a ecogenicidade é variável. Focos hiperecoicos focais ou sombreamento acústico resultante de

calcificações, associados à glândula adrenal aumentada, sugerem, em geral, neoplasia adrenocortical (Figura 6.32). A

mineralização é pouco comum nos casos de feocromocitomas. Em gatos, a mineralização nas glândulas adrenais é

acidental, sendo menos comum a ocorrência de neoplasias adrenais do que nos cães. Há ocorrência, nas neoplasias

malignas, de invasão das estruturas vasculares adjacentes e do rim, além da presença de trombos.

Adenomas e massas metastáticas geralmente têm aspecto nodular, sem alterações específicas em sua ecogenicidade. Os

feocromocitomas são formações geralmente solitárias, de tamanhos que variam de 0,14 a 15 cm de comprimento e 2 a 7 cm

de diâmetro, que podem apresentar ligeira heterogeneidade da ecotextura. Cerca de 30 a 56% dos casos apresentam massas

abdominais periféricas nos rins durante a avaliação radiográfica. Observam­se metástases pulmonares em 11% dos casos.

Não são muito indicadas biopsias ou aspiração guiada pelo ultrassom em massas adrenais, uma vez que hemorragia e

crise hipertensiva fatal foram descritas associadas a biopsias de feocromocitomas.

Pâncreas

Neoplasia pancreática é rara em cães e gatos. Os tumores pancreáticos geralmente têm origem epitelial e são classificados

como endócrinos (envolvendo as ilhotas de Langerhans) ou exócrinos (envolvendo as células dos ácinos ou do epitélio

ductal). Os carcinomas de origem acinar ou ductal tendem a se desenvolver na porção central da glândula, e à medida que

aumentam podem obstruir o ducto biliar comum, invadir o duodeno ou o estômago e causar metástase hepática (Figura

6.33). Metástases nos linfonodos regionais, nos pulmões e no tecido ósseo também são comuns. Entre os tumores

endócrinos, estão os glucagonomas, insulinomas ou gastrinomas.

Ao exame radiográfico, observa­se, comumente, massa ou área de radiopacidade aumentada na porção cranial direita do

abdome. O duodeno proximal está frequentemente deslocado para a direita e o antro estomacal para a esquerda. O contraste

de bário do trato gastrintestinal superior pode ilustrar, nas radiografias, principalmente na projeção ventrodorsal, o

deslocamento do duodeno proximal e as irregularidades da mucosa duodenal pela infiltração neoplásica.

A ultrassonografia mostra­se como um meio de diagnóstico por imagem mais sensível que o exame radiográfico na

detecção de alterações pancreáticas, porém o diagnóstico diferencial entre neoplasia e pancreatite não pode ser feito com

precisão somente por meio desse método de diagnóstico. Insulinomas tendem a aparecer como formações nodulares

hipoecogênicas e bem delimitadas. Os carcinomas apresentam aspecto e tamanho variáveis. A investigação seriada pode ser

vantajosa. Deve­se examinar o paciente para a identificação de sinais de linfonodopatia e metástases nos órgãos abdominais

ou nas superfícies peritoneais (carcinomatoses). Pode ser essencial, em alguns casos, aspiração guiada por ultrassom com

agulha fina para análise citológica ou biopsia de lesões em massa.

Figura 6.32 A. Imagem radiográfica em projeção lateral direita de uma fêmea canina com 8 anos de idade ilustrando, na

região dorsocranial da cavidade abdominal, sobrepondo a silhueta renal direita e esquerda, uma massa de calcificação

amorfa e nitidamente delimitada. B. Ultrassonografia em plano parassagital esquerdo, em que se observa a glândula

adrenal, medial ao rim esquerdo, com aparência hiperecoica de uma meia­lua, decorrente de penetração do som deficiente

no tecido interno calcificado da glândula.

Figura 6.33 Carcinoma pancreático: fêmea canina, Cocker, 5 anos. Histórico: icterícia. A. Presença de formação

heterogênea, de ecogenicidade mista entremeada ao lobo pancreático direito, com dimensões em torno de 3,72 × 3,74 cm.

Mesentério hiperecogênico adjacente. B. Presença de área hipoecogênica entremeada à parede duodenal, estendendo­se e

alterando o lume intestinal. C. Processo obstrutivo em vias biliares com vesícula biliar distendida por conteúdo

anecogênico, com quantidade moderada de lama/barro biliar. D. Vias biliares extra­hepáticas dilatadas. M = massa; lobo

panc. d. = lobo pancreático direito; VB = vesicula biliar.

Neoplasias do sistema digestório

Esôfago

Neoplasias de esôfago são raras em cães e gatos, mas foram descritos carcinoma de células escamosas, sarcomas

associados ao Spirocerca lupi e liomioma. Obstrução parcial ou completa é uma sequela possível.

Exames radiográficos podem não apresentar alteração alguma nos casos de neoplasias pequenas. Pode haver massa de

tecido mole mediastinal se a neoplasia for grande e envolver a porção torácica do esôfago.

Nos casos de processo obstrutivo, o esôfago cranial à obstrução pode estar dilatado e repleto de conteúdo gasoso ou

líquido e as estruturas adjacentes podem estar deslocadas. Na região cervical, o esôfago dilatado pode causar deslocamento

ventral e lateral direito da traqueia e, na região torácica, deslocamento ventral da traqueia e silhueta cardíaca.

A utilização de meio de contraste positivo (bário) poderá demonstrar espessamento da parede e irregularidades no

contorno da mucosa, em geral envolvendo apenas um lado da parede esofágica, falha de preenchimento nos casos de

tumores intraluminais, além de determinar o grau de oclusão do esôfago pela presença do tumor. Nos casos em que houver

erosão da parede, podem­se visibilizar pequenas úlceras. A fluoroscopia poderá demonstrar alguma anormalidade funcional

associada. O exame ultrassonográfico do esôfago cervical pode determinar o local e a causa de diminuição do peristaltismo,

pela visibilização da massa e consequente dilatação do esôfago. A endoscopia permite visualização da massa geralmente

ulcerada, avaliação do aspecto macroscópico, tamanho e extensão, além de possibilitar a coleta de material para biopsias.

O Spirocerca lupi provoca uma reação granulomatosa que aparece nas radiografias como uma área de opacidade

aumentada entre a base do coração e o diafragma. Neoformações ósseas (espondiloses) são frequentemente vistas nos

aspectos ventrais das vértebras torácicas, mais ou menos da sétima à décima vértebra. Descreveu­se osteopatia hipertrófica

associada ao sarcoma secundário a esse parasita.

Estômago

O aspecto radiográfico das neoplasias gástricas varia de acordo com o tamanho, o formato e a localização do tumor. O

aspecto radiográfico mais comum é de uma massa projetando­se para o lume gástrico, criando uma falha de preenchimento

na presença do contraste.

Radiografias simples podem demonstrar nenhuma alteração significativa ou evidenciar a massa intraluminal, algumas

vezes delineada por gás, no interior do estômago, além de espessamento focal ou difuso da parede gástrica e ausência ou

notável distorção no padrão normal das pregas da mucosa. Visibiliza­se espessamento difuso da parede gástrica, com certa

tendência a desenvolver úlceras, nos casos de adenocarcinomas. Estes causam metástases para linfonodos regionais, fígado

e pulmão, tornando necessária a realização de radiografias torácicas. Liomiomas geralmente são lesões solitárias

localizadas na região cárdia, ao passo que os liomiossarcomas tendem a apresentar massas extraluminais.

O exame contrastado positivo, por meio do bário, pode confirmar espessamento e irregularidade focal ou difusa da

parede, falhas de preenchimentos do contraste pela presença do tumor, ulceração da mucosa gástrica, em que o bário

preenche a cratera da úlcera e persiste naquele local, caracterizando um contorno inalterado durante radiografias seriadas

(Figura 6.34). Tumores difusos são mais difíceis de serem identificados, pois normalmente não produzem defeitos de

preenchimento. Entretanto, podem alterar o formato do estômago e diminuir a motilidade e o poder de distensão da área

envolvida, que pode ser notada em radiografias seriadas ou por fluoroscopia. Devem­se avaliar as alterações observadas em

várias radiografias para evitar a possibilidade de confundir contrações normais do estômago com anormalidades.

As principais características ultrassonográficas de tumores gástricos estão relacionadas com o espessamento da parede

em vários graus, focal ou difuso, muitas vezes irregulares, e com perda da integridade das camadas da arquitetura da

parede (Figura 6.35).

Faz­se necessário o preparo adequado do paciente, com jejum alimentar prévio, uma vez que o ar intraluminal, o

conteúdo alimentar e a contração da parede gástrica podem comprometer uma avaliação detalhada. Com relação à técnica do

exame, o critério mais importante é uma boa avaliação da região antropilórica, em razão da alta incidência de tumores nesse

local. Dessa forma, algumas vezes faz­se necessária a administração de fluidos via sondagem, pois a presença de líquido é

imprescindível para avaliação ultrassonográfica dessa região. O melhor procedimento para análise da região pilórica é

posicionar o transdutor na curvatura maior do lado esquerdo e deslizá­lo em direção ao lobo caudado do fígado.

Foram descritas, na literatura, algumas características ultrassonográficas específicas para cada tumor gástrico, porém o

diagnóstico definitivo deve se basear no exame histopatológico.

Adenocarcinoma é a neoplasia gástrica mais frequente em cães. O aspecto ultrassonográfico mais comum inclui

espessamento transmural e perda do padrão normal das camadas (Figura 6.36). Essa camada alterada pode ter aspecto

conhecido como “pseudocamada”, provavelmente relacionado à distribuição irregular das camadas pelo tumor, que não deve

ser confundido com a normalidade. Caracteriza­se por uma zona moderadamente ecogênica envolvida por linhas internas e

externas hipoecogênicas. Linfonodopatia adjacente é um achado importante. Os linfonodos podem apresentar aspecto de

alvo, com bordas pouco ecogênicas e centro altamente ecogênico.

O linfossarcoma constitui a neoplasia gástrica mais comum em gatos. Normalmente é caracterizado por espessamento

difuso e uniforme da parede estomacal, de aspecto hipoecogênico. Diminuição da motilidade e linfonodopatia regional

podem estar presentes (Figura 6.37).

Figura 6.34 Imagem radiográfica lateral­direita (A) e ventrodorsal (B) do abdome de um cão, que destaca o estômago

preenchido com sulfato de bário. Observar, na região fundia (F), correspondente à curvatura maior, o espessamento e a

irregularidade da parede do estômago (setas), aspecto radiográfico compatível com neoplasia da parede gástrica.

Figura 6.35 Cão macho, Chow­chow, 8 anos. Histórico: emese crônica e emagrecimento progressivo. Acentuado

espessamento da parede gástrica, com perda do padrão de camadas se estendendo da região cárdia (A), medindo 3,82

cm, à região de corpo gástrico (B), medindo 1,28 cm. Diagnóstico histopatológico: carcinoma gástrico acinar. M = massa.

O liomioma gástrico pode aparecer como uma massa pequena, homogênea, séssil e uniformemente ecogênica, e a região

cárdia aparenta ser o local de maior ocorrência desta neoplasia. Em geral, não ocorre ulceração.

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