8­10

Doses

A dose de ciclofosfamida varia normalmente entre 200 e 300 mg/m

2

, administrada VO ou IV, ou em doses fracionadas de

50 mg/m

2 durante 3 a 4 dias consecutivos.

Aspectos farmacológicos

A ciclofosfamida é um agente alquilante bifuncional pré­fármaco que necessita de ativação hepática para a formação do

composto 4­hidroxiciclofosfamida (4­OHCP). Dentro da célula, o 4­OHCP se decompõe rapidamente em metabólitos

ativos mostarda fosforamida e acroleína, que resultarão na ligação cruzada do DNA.

Estudos recentes demonstraram que a quantidade de 4­OHCP disponível é a mesma administrada por via oral ou

intravenosa.

11

A principal via de eliminação da ciclofosfamida e de seus metabólitos é por meio da excreção renal. Aproximadamente

36 a 99% da dose convencional é excretada na urina dentro de 48 h, sendo cerca de 5 a 30% eliminada como fármaco

inalterado.

Os mecanismos de resistência conhecidos desse fármaco são correspondentes, de forma geral, aos do grupo dos agentes

alquilantes.

Principais efeitos colaterais

A leucopenia ocorre entre o 8

o e o 14

o dia após o início da terapia, iniciando­se a recuperação medular dez dias após o

nadir. Em tratamentos prolongados, a ciclofosfamida pode provocar grave imunossupressão, inclusive aplasia de medula

óssea.

Embora incomum, a cistite hemorrágica estéril pode ocorrer em virtude da irritação direta da mucosa vesical provocada

pela acroleína. A cistite hemorrágica induzida pela ciclofosfamida é mais frequente após administração por via intravenosa,

sendo mais comum em cães. A furosemida pode ser utilizada profilaticamente na dose de 1 mg/kg SC ou intravenosa antes

da aplicação do quimioterápico, além de medidas para incentivar hidratação vigorosa e micção frequente até 48 h após a

sessão. Na presença da cistite hemorrágica, a ciclofosfamida deve ser interrompida imediatamente e deve­se iniciar uma

terapia baseada em anti­inflamatórios, antiespasmódicos e no uso do protetor urotelial composto 2­

mercaptoethanesulphonate (MESNA), sendo, em alguns casos mais graves, necessária a intervenção cirúrgica. A urocultura

é indicada nesses casos.

Outros efeitos colaterais incluem distúrbios gastrintestinais como vômito, náuseas e anorexia; aumento transitório de

enzimas hepáticas; alopecia, principalmente em raças suscetíveis; e infertilidade.

Ifosfamida

Apresentação

Caixa com 10 frascos­ampolas de 500 mg, 1 g e 2 g.

Indicações

Em cães, a ifosfamida já foi empregada no controle de linfoma, leiomiossarcoma e hemangiossarcoma esplênico. A

atividade antitumoral de ifosfamida em cães é menor do que em pessoas com câncer. A razão para essa menor eficácia não

está definida.

A ifosfamida pode ser útil nas terapias para linfomas e sarcomas de tecidos moles em gatos, mas fazem­se necessários

estudos adicionais. No homem, esse fármaco é um dos mais utilizados no tratamento de sarcomas de tecidos moles e de

osteossarcoma. Além disso, a ifosfamida tem atividade importante nos carcinomas de bexiga urinária, pulmão, ovários e

mamas. Tem sido demonstrado que em vários tumores esse fármaco apresenta atividade antineoplásica superior em

comparação à da ciclofosfamida.

Doses

A dose de ifosfamida recomendada para cães é de 350 a 375 mg/m

2

, IV, lentamente (30 min de infusão), a cada 3

semanas.

12 Esse fármaco deve ser administrado somente após indução da diurese por 30 min (na dose de 18,3 mℓ/kg/h de

cloreto de sódio 0,9%, IV). A indução da diurese deve ser prolongada por 5 h após a aplicação de ifosfamida. Antes da

infusão do antineoplásico, deve ser administrado MESNA (20% da dose de ifosfamida), repetindo­se aplicações adicionais

na 2

a e na 5

a h após a infusão do citostático.

Em gatos, a dose de ifosfamida ainda requer investigações. De acordo com dados preliminares de algumas pesquisas, é

possível que se possa administrar a dose de 900 mg/m

2 de ifosfamida com indução da diurese concomitante, seguindo o

mesmo protocolo para cães.

13

A grande diferença de dosagem entre as espécies ainda não foi esclarecida, mas provavelmente está correlacionada com

diferenças de vias de metabolização e quantidades de metabólitos bioativos formados.

Aspectos farmacológicos

A ifosfamida é um isômero estrutural da ciclofosfamida; sendo assim, é um agente alquilante bifuncional de fase não

específica. Presume­se que o mecanismo de ação seja o mesmo da ciclofosfamida, a não ser pela localização de duas

cadeias cloroetil da ifosfamida, o que modifica sutilmente a farmacologia molecular. Da mesma forma, a ativação do préfármaco ifosfamida ocorre por hidroxilação hepática e se transforma em um forte eletrófilo pela formação de íons de

carbono ou complexos de transição com moléculas­alvo nos tecidos. As propriedades citotóxicas se dão por meio de

ligações covalentes por alquilação que gera dano no DNA. Aproximadamente 50% da sua dose ativa é excretada pela urina.

Os mecanismos de resistência à ifosfamida também são os mesmos da ciclofosfamida, e pode ocorrer resistência cruzada

entre os fármacos em alguns casos.

Principais efeitos colaterais

As principais toxicidades das ifosfamidas são mielossupressão e lesões no trato urinário, como a cistite hemorrágica, a

disúria e a hematúria, com início em 1 ou 2 dias após o tratamento, podendo perdurar por 9 dias. Entretanto, alopecia,

náuseas, vômitos e alterações neurológicas são relatados em humanos.

A ifosfamida em gatos é nefrotóxica e requer criteriosa avaliação da função renal antes da administração do fármaco.

Todavia, hidratação adequada e coadministração de MESNA permitem o uso seguro do medicamento em cães.

Clorambucila

Apresentação

Embalagem com 25 ou 50 comprimidos de 2 mg.

Doses

As doses de clorambucila variam de acordo com os diversos protocolos. Em geral, empregam­se doses entre 3 e 6 mg/m

2

,

VO, diariamente. A dose de 20 mg/m

2 em bolus oralmente a cada 2 semanas foi utilizada com excelentes respostas

associada a corticosteroides no tratamento de linfoma gastrintestinal em felinos.

14

Indicações

A clorambucila é empregada em cães e gatos com doenças linfoproliferativas e afecções imunomediadas. Esse agente,

associado à prednisona, é utilizado em tratamentos de cães com afecções mieloproliferativas, como leucemia linfocítica

crônica. A literatura relata casos de remissão por mais de 1 ano em pacientes com leucemia linfocítica crônica tratados com

clorambucila.

Em humanos, a clorambucila é também utilizada no tratamento de mieloma múltiplo, policitemia vera,

macroglobulinemia e adenocarcinoma ovariano.

A clorambucila é frequentemente utilizada no tratamento de dermatoses imunomediadas felinas, como pênfigo foliáceo e

complexo granulomatoso eosinofílico, pela sua eficácia, baixa toxicidade e facilidade na administração em virtude do

tamanho dos comprimidos. Outra indicação da clorambucila é como substituta da ciclofosfamida em pacientes que

apresentem toxicidade, como cistite hemorrágica.

Um estudo recente mostrou que 70% dos cães tratados com clorambucila de forma metronômica apresentaram remissão

parcial ou doença estável no tratamento de carcinoma de células transicionais de bexiga.

15

Aspectos farmacológicos

A clorambucila é um composto aromático derivado da mecloretamina que penetra na célula por difusão passiva, atuando

como agente alquilante bifuncional, fato este responsável pela citotoxicidade. A clorambucila é de rápida absorção,

apresentando picos de concentração plasmática em 2 a 4 h após a administração oral. A administração de alimento dentro

deste mesmo período pode interferir na sua absorção. A metabolização desse fármaco é hepática, resultando em ácido

fenilacético como principal metabólito, que, por sua vez, é degradado antes de sua eliminação renal.

Principais efeitos colaterais

Os pacientes tratados com clorambucila podem apresentar complicações como diarreia, anorexia e êmese, embora sejam

incomuns. As alterações hematológicas observadas em pacientes submetidos à quimioterapia com esse fármaco são

neutropenia e linfopenia após a 3

a

semana de tratamento, podendo continuar até o 30

o dia após a administração da última

dose (nadir varia de 14 a 21 dias depois da aplicação). Entretanto, esses feitos tendem a ser mais brandos e mais rápidos

quando comparados aos de fármacos da mesma família, como a ciclofosfamida.

Em humanos, é relatada a neurotoxicidade à clorambucila, entretanto recentemente alguns relatos têm correlacionado

sinais neurológicos como efeito adverso do medicamento.

16,17

Melfalano

Apresentação

Frasco­ampola de 50 mg com diluente. Embalagem com 25 comprimidos de 2 mg.

Doses

De maneira semelhante ao que ocorre com a maioria dos agentes antiblásticos, a dose de melfalano varia de acordo com o

protocolo empregado:

• 1 a 7 mg/m

2

, VO, a cada 24 h, durante 5 dias

• 1 a 5 mg/m

2

, VO, a cada 24 h. Em alguns protocolos, o fármaco é administrado em ciclos repetidos a cada 6 semanas

• 1,5 mg/m

2

, VO, a cada 24 h, durante 10 dias

• 0,1 mg/kg, VO, a cada 24 h, durante 10 dias como terapia de indução e 0,05 mg/kg, VO, a cada 24 h, como terapia de

manutenção.

Indicações

O melfalano tem sido usado em associação com vincristina, ciclofosfamida e/ou prednisona para o tratamento de mieloma

múltiplo. São frequentes os relatos de remissão dessa doença por tempo superior a 1 ano em pacientes tratados com

melfalano.

O melfalano também é empregado no controle de melanoma, linfoma, policitemia e macroglobulinemia. Em pacientes

humanos, esse citostático também é utilizado no tratamento de linfoma e de carcinomas mamário, testicular e ovariano.

Emms sugere que o uso de melfalano no tratamento de cães com adenocarcinoma de saco anal associado à cirurgia

citorredutiva promove um incremento na sobrevida e diminuição na taxa de recorrência local da neoplasia.

18

Aspectos farmacológicos

O melfalano é uma mostarda nitrogenada estrutural e farmacologicamente semelhante à clorambucila, sendo que suas

principais diferenças se dão pelo transporte para dentro da célula, que, no caso do melfalano, ocorre ativamente por

aminoácidos, e a atividade alquilante direta, sem necessidade de ativação metabólica. A administração oral concomitante

com alimento ou cimetidina pode interferir na absorção.

O melfalano é metabolizado pelo fígado e cerca de 30% do fármaco é excretada pelos rins na forma inalterada. Esse

fármaco antineoplásico tem capacidade de penetrar na barreira hematencefálica.

Principais efeitos colaterais

Os principais efeitos adversos do melfalano são alterações decorrentes da mielossupressão e compreendem leucopenia,

trombocitopenia e anemia. O nadir desse fármaco é de 8 a 19 dias após a aplicação. A recuperação medular ocorre em

aproximadamente dentro de 25 dias.

Lomustina

Apresentação

Embalagens com cinco cápsulas de 10 e 40 mg.

Doses

A dose de lomustina é bastante volúvel e pode variar de 60 a 90 mg/m

2

, em intervalos de 3 a 8 semanas, dependendo do

protocolo. A dose de 50 mg/m

2 a cada 3 semanas pode ser usada no início do tratamento em linfomas cutâneos.

A maior dose de lomustina recomendada para cães é de 90 mg/m

2 a cada 3 ou 4 semanas, podendo ser reduzida para 70

mg/m

2 a cada 4 semanas se houver intensa neutrofilia.

Em gatos, a dose de lomustina indicada é de 50 a 60 mg/m

2

, VO, a cada 4 a 6 semanas.

Indicações

A lomustina é usada tanto como agente único quanto em protocolos multidrogas em neoplasias como linfoma

multicêntrico, linfoma epiteliotrópico, mastocitoma e sarcoma histiocítico.

Em um estudo, a lomustina foi administrada na dose de 90 a 100 mg/m

2 para o controle de linfomas recorrentes em 43

cães submetidos a quatro tratamentos prévios. Desses, 28% apresentaram remissão parcial durante 86 dias e 7% obtiveram

remissão completa por 110 dias, em média. Em nove cães com mastocitoma de vários graus tratados com lomustina (90

mg/m

2

, a cada 3 semanas), um animal apresentou remissão completa por 14 meses e em sete pacientes constatou­se

redução de 50% do tamanho dos tumores por 3 meses em média.

A facilidade em transpor a barreira hematencefálica permite que esse fármaco seja empregado em neoplasias do sistema

nervoso central, como nos astrocitomas e gliomas em cães. Entretanto, um estudo recente mostrou que não existe diferença

na média de sobrevida quando a lomustina é associada ao tratamento sintomático de neoplasias intracranianas.

19

Observaram­se respostas moderadas desse fármaco em gatos com linfoma, mastocitoma, fibrossarcoma e mieloma

múltiplo, e mais recentemente um estudo mostrando alguns resultados em sarcomas de aplicação.

20

Aspectos farmacológicos

A lomustina é uma nitrosureia que é altamente solúvel em lipídios e penetra na célula por difusão passiva. Em virtude

dessa propriedade, o fármaco atravessa rapidamente membranas biológicas, inclusive a hematencefálica.

A lomustina sofre hidroxilação hepática do anel ciclo­hexil e libera metabólitos que têm potencial alquilante e que são

responsáveis pela citotoxicidade. Um dos mecanismos de resistência da lomustina está ligado a uma regulação da via de

reparação da excisão de nucleotídios impedindo a alquilação e permitindo que a célula sobreviva.

A metabolização da lomustina ocorre no fígado e resulta tanto em metabólitos ativos como inativos. A sua meia­vida

sérica é extremamente curta, cerca de 15 min, porém os seus metabólitos têm meia­vida variável de 16 h a 2 dias. A via

principal de excreção é renal, e 50% é eliminado dentro de 12 h, mas pode ser prolongado até 4 dias.

Principais efeitos colaterais

Os efeitos adversos mais descritos são as alterações hematológicas. Os distúrbios dessa natureza incluem mielossupressão,

representada por leucopenia, trombocitopenia e anemia. O nadir de neutrófilos ocorre em 5 a 7 dias.

As complicações gastrintestinais decorrentes da terapia com lomustina incluem náuseas e êmese em 40 a 70% dos

pacientes, ocorrendo dentro de 1 a 6 h, podendo prolongar­se por 24 h. Além disso, podem ocorrer anorexia, estomatite e

diarreia.

A hepatotoxicidade pode ser grave e progressiva, sendo necessário realizar provas bioquímicas antes e durante o

tratamento. Os sinais clínicos decorrentes dessa toxicidade são elevação dos níveis séricos de alanina transaminase (ALT),

perda de apetite e emagrecimento. Em geral, constata­se a hepatotoxicidade após duas a dez administrações de lomustina,

podendo ocorrer até 10 semanas após o último tratamento. Um estudo mostrou que o uso de denamarin associado ao

tratamento com lomustina pode minimizar o aumento das enzimas hepáticas.

21

Dacarbazina

Apresentação

Frascos­ampolas com 100, 200 mg.

Doses

São várias as doses empregadas, destacando­se, entre elas:

• 800 a 1.000 mg/m

2

, IV, o volume total deve ser diluído em solução salina (NaCl 0,9%) e administrado durante 5 h de

infusão lenta, a cada 21 dias

• 200 a 600 mg/m

2

, IV, o volume total deve ser diluído em solução salina (NaCl 0,9%) e administrado durante 5 h de

infusão lenta, a cada 21 dias, quando associado a outros medicamentos como lomustina ou doxorrubicina

• 200 mg/m

2

, IV, o volume total deve ser diluído em solução salina (NaCl 0,9%) e administrado durante 15 min de

infusão lenta, diariamente durante 5 dias, em ciclos repetidos a cada 21 dias

• A dacarbazina não deve ser utilizada em felinos em virtude da falta de conhecimento do que pode ocorrer no seu

metabolismo nesta espécie

• A aplicação do quimioterápico deve ser procedida da administração de uma dose de dexametazona (0,2 mg/kg, IV) para

prevenção de vasoespasmos e flebites.

Indicações

A dacarbazina é utilizada como componente do tratamento de doenças linfoproliferativas, na maioria das vezes como

fármaco de resgate. Existem registros do seu uso em melanoma e sarcomas de tecidos moles.

Estudos mais recentes têm mostrado certa resposta clínica e um prolongamento no tempo de vida em alguns pacientes

com hemangiossarcoma cutâneo tratados com protocolos que incluem a dacarbazina.

22,23

Aspectos farmacológicos

A dacarbazina é um profármaco que necessita de ativação metabólica para início de seu efeito. Esta biotransformação é

realizada por enzimas microssomais hepáticas, e seus metabólitos causam metilação do DNA, que por sua vez induz a

produção de compostos citotóxicos, como 3­metil adenina, 7­metil guanina e O­6­metil guanina.

Efeitos colaterais

A dacarbazina é um fármaco vesicante, e seu extravasamento pode causar lesão tecidual grave. Sinais gastroentéricos

podem ser graves com o uso do fármaco. Os efeitos colaterais de natureza hematológica envolvem anemia, agranulocitose,

leucopenia e trombocitopenia, com nadir entre 10 e 14 dias. A recuperação medular ocorre em aproximadamente 21 dias

após a aplicação.

Embora ocorra com mais raridade, a dacarbazina pode ser hepatotóxica, em razão de possível necrose hepatocelular e

trombose da veia hepática. A administração simultânea com outros agentes antineoplásicos pode acentuar a

hepatotoxicidade da dacarbazina.

Temozolomida

Trata­se da formulação oral da dacarbazina.

Apresentação

Cápsulas de 5, 20, 100, 140, 180 ou 250 mg.

Procarbazina

Apresentação

Cápsulas de 50 mg.

Dose

A procarbazina geralmente é utilizada em protocolos multidrogas na dose de 30 a 50 mg/m

2 durante 14 dias seguidos, em

ciclos de 28 dias.

Indicações

A procarbazina tem indicação em protocolos poliquimioterápicos no tratamento de linfoma em cães. Entretanto, seu uso

também é indicado em alguns distúrbios neurológicos.

Aspectos farmacológicos

Assim como a dacarbazina, a procarbazina é um profármaco e necessita de sua ativação para liberação de compostos ativos

citotóxicos. Esse processo envolve várias interações, mas a principal é a metilação do DNA. A metabolização é hepática e a

excreção é renal.

Seu mecanismo de resistência envolve reparo no DNA e não apresenta resistência cruzada com outros fármacos da

família alquilante, o que a torna uma interessante opção para uso em casos resistentes.

Efeitos colaterais

A mielossupressão e os efeitos gastrintestinais, incluindo náuseas, vômitos e anorexia, são efeitos colaterais doselimitantes. A disfunção hepática e os efeitos neurológicos também podem ser observados.

■ Agentes platinados

Os agentes platinados ganharam grande importância na Medicina Veterinária, em virtude de sua boa tolerabilidade e sua

eficácia. Em 1960, Rosenberg descobriu que a replicação de E. coli em um campo elétrico gerado por eletrodos de platina

inibia o crescimento das bactérias, sendo também observada a evidência de um efeito mutacional. A cisplatina foi o

primeiro e o mais importante fármaco dessa classe a ser descoberta.

O alvo dos compostos platinados é o DNA, ao qual os fármacos se ligam de forma eficiente por meio da formação de

uma grande variedade de adutos que bloqueiam a replicação e a transcrição, induzindo a morte celular. Estes adutos afetam

as vias de transdução e induzem a apoptose ou a necrose das células tumorais. Os platinados são fármacos de fase não

específica de ação.

Os mecanismos de resistência aos platinados ainda não são totalmente elucidados, entretanto sabe­se que podem ocorrer

por diversos meios, como o aumento do efluxo do fármaco para fora da célula, a inativação do composto, a alteração do

alvo de efeito e a inibição da apoptose.

Cisplatina

Apresentação

Frascos­ampolas de 20 mℓ com 10 mg e de 100 mℓ com 50 mg com pó ou solução injetável e frascos­ampolas de 10 mℓ

com 10 mg, de 50 mℓ com 50 mg e de 100 mℓ com 100 mg.

Dose

A dose da cisplatina varia de 50 a 70 mg/m

2

, IV, a cada 21 dias. O medicamento deve ser administrado com fluidoterapia

vigorosa para indução de diurese (solução salina NaCl 0,9%, na dose de 18,3 mℓ/kg/hora, 4 h antes da aplicação e 2 h após

a aplicação), e associação a antieméticos.

Indicações

A cisplatina como agente antineoplásico tem sido utilizada no controle de carcinomas primários e metastáticos. Esse

fármaco também pode ser empregado no tratamento de carcinomas de células escamosas da cavidade oral e da pele,

carcinomas de células de transição da bexiga urinária, próstata, adenocarcinoma nasal, carcinoma pulmonar e nas efusões

malignas (mesoteliomas).

A cisplatina é indicada no tratamento de osteossarcomas em cães, com o objetivo de prevenir recorrências após

ressecções do tecido ósseo comprometido. Paralelamente ao controle da neoplasia óssea, a cisplatina também reduz a

incidência de doenças pulmonares metastáticas.

É importante ressaltar que, apesar de ser eficaz no tratamento de alguns tumores, na maioria dos casos de sarcomas e

carcinomas, apenas observa­se remissão parcial e/ou estabilização da doença administrando­se a cisplatina. Em um estudo

feito em 12 cães com melanomas malignos, não se constatou qualquer remissão completa. Em um cão, observou­se

remissão parcial durante 126 dias, e dois pacientes apresentaram estabilização da doença entre 63 e 77 dias, ao passo que

em sete animais observou­se progressão da doença a partir do 42

o dia após o início do tratamento.

A cisplatina ainda tem sido utilizada em protocolos de quimioterapia intralesional de algumas neoplasias e na técnica de

eletroquimioterapia.

24

O uso da cisplatina é estritamente contraindicado em gatos, pois leva rapidamente ao óbito em consequência de edema

pulmonar agudo.

Aspectos farmacológicos

A cisplatina é um complexo inorgânico formado por um átomo de platina cercado por átomos de cloroamônia na

configuração cis. A platina forma ligações covalentes no DNA celular, particularmente na posição guanina N­7, tendo como

resultados ligações cruzadas de intracadeias e intercadeias. Os mecanismos de resistências foram citados anteriormente.

A depuração plasmática é bifásica, com meia­vida de 25 a 49 min e 58 a 73 h para frações iniciais e finais,

respectivamente. A cisplatina não se liga às proteínas plasmáticas, mas o seu composto ativo tem 90% de ligação com

proteínas. As concentrações de platina são mais elevadas no fígado, na próstata e no rim, e um pouco mais baixas na

bexiga, nos músculos, nos testículos, no pâncreas e no baço. Níveis mais baixos são encontrados no intestino, nas

adrenais, no coração, no pulmão e no cérebro. Cerca de 10 a 40% da cisplatina administrada é excretada na urina dentro de

24 h, e uma média de 35 a 51% do total é excretada durante 5 dias.

Efeitos colaterais

Os pacientes tratados com cisplatina podem apresentar náuseas e êmese por estimulação direta dos quimiorreceptores,

principalmente quando altas doses forem administradas. Esses distúrbios podem se iniciar entre 1 e 4 h após a

administração e prolongar­se por 24 h. Além disso, os animais que recebem cisplatina podem permanecer anoréxicos e

diarreicos.

A nefrotoxicidade é mais frequente em cães de raças pequenas do que nos de grande porte. A terapia com cisplatina

requer monitoramento da função renal, pois a nefrotoxicidade é potencialmente irreversível, além de ser dose­cumulativa.

Esse antineoplásico provoca edema pulmonar em gatos, levando­os à morte; portanto, não pode ser usado nessa espécie.

As demais complicações associadas à terapia com cisplatina são mielossupressão, anafilaxia, neuropatia periférica,

ototoxicidade (diminuição da acuidade auditiva) e toxicidade oftálmica (neurite óptica).

Carboplatina

Apresentação

Frascos­ampolas de 5 mℓ com 50 mg, de 15 mℓ com 150 mg e de 45 mℓ com 450 mg.

Doses

As doses recomendadas de carboplatina são de 300 mg/m

2

(a cada 3 semanas, para cães) e de 150 mg/m

2

(a cada 3

semanas, para gatos). A administração deve ser efetuada lentamente, IV, durante o período de 15 min.

Indicações

A carboplatina é um citostático empregado no tratamento de osteossarcoma canino e de alguns carcinomas. A principal

indicação é como adjuvante nas cirurgias para osteossarcoma, sendo uma alternativa à cisplatina em virtude da menor

incidência de vômito e náuseas, da ausência de nefrotoxicidade e da administração mais fácil. Além disso, esse

medicamento é indicado para o controle de melanoma canino, carcinoma de células escamosas em gatos, adenocarcinoma e

fibrossarcoma. Nos carcinomas de células escamosas em cães, pode­se optar pela aplicação intratumoral de carboplatina.

Em um estudo com 48 cães acometidos por osteossarcoma apendicular, tratados com amputação e carboplatina, estes

tiveram um intervalo livre da doença em média de 257 dias e uma média de 321 dias de sobrevida.

Outra vantagem da carboplatina é a possibilidade do seu uso em gatos. Estudos mostram inclusive o seu uso associado à

radioterapia no tratamento de carcinoma de células escamosas nessa espécie.

25

Aspectos farmacológicos

A carboplatina é um análogo da cisplatina. Seu metabolismo é bastante similar, pois, uma vez dentro da célula, seus

metabólitos se ligam a qualquer ácido nucleico ou proteína estrutural disponível. A carboplatina apresenta meia­vida

plasmática de cerca de 2 h e meia; mais de 60% do fármaco é excretada pela urina de forma inalterada dentro de 24 h.

Efeitos colaterais

Os pacientes tratados com carboplatina podem ser acometidos por mielotoxicidade representada por neutropenia,

trombocitopenia e anemia. As náuseas e a êmese são menos graves e mais controláveis do que com a cisplatina.

Apesar da menor toxicidade renal da carboplatina, alguns autores aconselham induzir a diurese concorrente, de maneira

semelhante à empregada nas administrações de cisplatina. Sendo menos nefrotóxica, a carboplatina pode ser indicada para

pacientes com doenças renais preexistentes, desde que os animais sejam rigorosamente monitorados.

Agentes antimetabólicos

Os agentes antimetabólicos são estruturas análogas aos metabólitos normais necessários à função de replicação celular. Em

razão das semelhanças estruturais e funcionais que apresentam com os metabólitos envolvidos na síntese dos ácidos

nucleicos, esses compostos são confundidos pela célula com metabólitos normais. Assim, os antimetabólicos podem tanto

ser incorporados ao ácido nucleico e produzir códigos incorretos quanto inibir enzimas envolvidas com a síntese de ácidos

nucleicos. Os antimetabólicos interferem na síntese de DNA e RNA e, portanto, são específicos para a fase de síntese do

ciclo celular (são fármacos fase S­específicos).

Diversos mecanismos de resistência aos agentes antimetabólicos são descritos e variam de acordo com cada fármaco

específico. Entre os principais, está a amplificação dos genes de codificação das enzimas de alvo específico purina e

pirimidina.

Metotrexato

Apresentação

Frascos­ampolas de 1 mℓ com 25 mg, de 2 mℓ com 50 mg e de 20 mℓ com 500 mg e embalagens com 20 e 100

comprimidos de 2,5 mg.

Doses

O metotrexato pode ser administrado por via oral, intramuscular, intravenosa e subcutânea.

As doses variam conforme a espécie e de acordo com as indicações, podendo ser:

• Para cães: 0,6 a 0,8 mg/kg, IV, a cada 3 semanas, como parte do tratamento de indução ou de manutenção para linfoma e

0,35 mg/kg, IV, semanalmente, para tratamento de tumor venéreo transmissível

• Para gatos: 0,8 mg/kg, IV ou oral, a cada 4 semanas, como parte do tratamento de indução e manutenção para linfoma.

Indicações

Metotrexato é ativo nos tumores que proliferam rapidamente, como as neoplasias hematológicas malignas, mas também

tem aplicação no tratamento de tumores sólidos. A principal utilização desse agente citostático é nos tratamentos de

linfoma canino, em geral associado a outros fármacos. O metotrexato também já foi utilizado no controle de tumor venéreo

transmissível, em osteossarcoma, em sarcomas de tecidos moles e neoplasias testiculares como os tumores de células de

Sertoli.

Aspectos farmacológicos

O metotrexato é um análogo de folato, que tem como alvo a inibição da enzima di­hidrofolato redutase, necessária para

manter o conjunto intracelular de folatos reduzidos como tetrahidrofolatos, que servem como transportadores de carbono

necessários para a síntese de novas purinas e pirimidinas. O metotrexato entra na célula por via de transporte ativo por

meio de carreadores de folato, onde age reduzindo o acúmulo intracelular de bases necessárias para a síntese de DNA.

Os principais mecanismos de resistência ao metotrexato incluem alteração no transporte de antifolato, diminuição da

capacidade para formar metotrexato poliglutamato, alterações na enzima di­hidrofolato redutase, resultando em diminuição

da afinidade de ligação e na amplificação do gene da redutase de di­hidrofolato.

Efeitos colaterais

Os efeitos mielossupressivos do metotrexato culminam com leucopenia, trombocitopenia e anemia, com nadir de 6 a 9 dias

após a administração. Anorexia, náuseas, êmese, diarreia e ulceração gastrintestinal são os efeitos colaterais mais relatados

do fármaco. Os casos de enterite hemorrágica com ulceração exigem interrupção do tratamento.

A nefrotoxicidade do metotrexato decorre de sua precipitação nos túbulos renais. As lesões renais podem ser controladas

por meio de prévia hiper­hidratação.

Citosina-arabinosídea ou citarabina

Apresentação

Caixas com 1 e 10 frascos­ampolas de 100 mg e 500 mg e frascos­ampolas de 1 g e 2 g.

Doses

As doses de citosina­arabinosídea variam de acordo com espécie, toxicidade e natureza da neoplasia, podendo ser:

• 100 mg/m

2

, diariamente, em infusão intravenosa contínua, por 4 dias

• A dose de 150 mg/m

2 pode ser indicada se não houver toxicidade com a dose de 100 mg/m

2

• Contudo, a forma de administração que tem se mostrado mais conveniente tanto em cães como em gatos é de 150

mg/m

2

, SC, a cada 12 h, durante 2 dias seguidos (dose total = 600 mg/m

2

).

A infusão de forma contínua aumenta a eficácia do fármaco em virtude da maior exposição das células que estão ciclando

pela fase S do ciclo celular da replicação do DNA, entretanto a mielossupressão também é maior.

Indicações

A citosina­arabinosídea tem sido empregada como agente único e, com mais frequência, em combinação no controle de

linfomas canino e felino, de leucemia mielogena aguda e leucemia granulocítica aguda, principalmente quando associada a

ciclofosfamida, doxorrubicina, prednisona e vincristina.

A administração intratecal também é indicada para o controle de linfomas do sistema nervoso central.

A aplicação de citosina­arabinosídea, IV, em gatos com linfoma renal foi eficaz na prevenção de metástases no sistema

nervoso central.

De acordo com alguns relatos, a citosina­arabinosídea também é eficaz no tratamento de mastocitomas. Alguns relatos

mostram melhora de sinais clínicos em cães com meningoencefalite de origem indeterminada quando a citosinaarabinosídea é associada à prednisona.

26

Aspectos farmacológicos

A citarabina é incorporada às cadeias de DNA em replicação como um competidor da desoxicitidina normal. Essa

incorporação prejudica a função da DNA polimerase e pode levar à fragmentação do DNA e à quebra da cadeia. Dessa

forma, a citarabina é altamente dependente da fase S do ciclo celular. O mecanismo de resistência é multifatorial e inclui

como principais a absorção intracelular limitada, a conversão para o derivado trifosfato ativo, o aumento da taxa de

desaminação e a diminuição do número de bases de ligação.

A maior parte do fármaco é eliminada por via renal em forma de metabólito inativo. Concentrações moderadas são

passíveis de penetração no sistema nervoso central.

Efeitos colaterais

Os animais tratados com citarabina podem ser acometidos por mielossupressão, anorexia, náuseas, êmese e diarreia. Além

disso, o agente antineoplásico pode provocar estomatite, disfagia, mucosite, esofagite, hemorragia e ulcerações

gastrintestinais.

Gencitabina

Apresentação

Frascos com 10 mℓ e 50 mℓ com 200 mg ou 1 g.

Doses

A dose utilizada de gencitabina em cães tem sido de 800 mg/m

2

, IV, em infusão lenta de 20 a 30 min, a cada 7 dias, durante

4 semanas seguidas; ou 25 a 50 mg/m

2

, IV, em infusão lenta de 20 a 30 min, 1 ou 2 vezes/semana a cada ciclo. A escolha

da dose dependerá da associação do fármaco com outros agentes quimioterápicos.

Clinicamente, não há um regime de dose estabelecido para o tratamento de cães com gencitabina. Os efeitos dependem

da dose e do esquema de administração dos fármacos.

Em gatos, a maioria das pesquisas apresenta as doses empregadas para a radiossensibilização. Para isso, a dose descrita

é de 25 mg/m

2

, 2 vezes/semana, em conjunto com radioterapia com frações de 6 Gy (Gray), por seis tratamentos.

Indicações

Os tumores tratados com gencitabina em cães incluem carcinoma hepatocelular, carcinoma biliar, linfossarcoma,

colangiocarcinoma, carcinomas pancreático, mamário e broncoalveolar. Constataram­se resposta parcial e resposta

completa em cães com carcinoma hepatocelular tratados com gencitabina.

A gencitabina está sendo investigada como agente radiossensibilizador em cães com carcinoma sinusoide e gatos com

carcinoma oral de células escamosas.

Aspectos farmacológicos

A gencitabina é incorporada na cadeia de DNA em replicação, no local onde seria incorporada uma base de desoxicitidina.

Essa troca causa a terminação da cadeia, além de aumentar a sua própria concentração intracelular por um feedback

positivo. O fármaco requer fosforilação intracelular pela desoxicitidinaquinase de modo a atingir a forma trifosfato ativado.

Sua metabolização é renal e apresenta meia­vida plasmática curta.

A resistência parece ser em virtude da diminuição de transporte de nucleosídios para as células e também por uma

diminuição da atividade da enzima quinase desoxicitidina.

Efeitos colaterais

Os efeitos decorrentes da administração de gencitabina envolvem alterações hematológicas, gastrintestinais, dermatológicas

e renais. De acordo com informações da literatura, as alterações adversas provocadas pela gencitabina são discretas em

cães. Entretanto, em protocolos em que a dose utilizada foi alta, os relatos são de efeitos mielossupressivos e

gastrintestinais, que variaram de moderado a grave.

5-fluoruracila

Apresentação

Frascos­ampolas com 250 mg em 10 mℓ, 500 mg em 10 mℓ e 2,5 g em 50 mℓ e creme a 5%.

Doses

Em cães, a dose mais empregada é de 100 a 150 mg/m

2

, pela via intravenosa, semanalmente, durante 3 semanas.

No tratamento tópico, aconselham­se duas aplicações diárias, durante 2 a 4 semanas.

Indicações

Esse fármaco tem indicação para carcinomas gastrintestinais, mamários e cutâneos em cães.

A aplicação tópica de 5­fluoruracil pode ser empregada no controle dos carcinomas de células basais e de células

escamosas, além dos linfomas cutâneos.

Aspectos farmacológicos

A 5­fluoruracila entra nas células por um processo de transporte mediado, que é seguido de fosforilação intracelular de

uma série de metabólitos. Os mais importantes são trifosfato fluorouridina, que inibe o metabolismo de RNA, e o 5­

fluoroudeoxiurodilato, que pode ser incorporado em DNA. O medicamento é primeiro metabolizado no fígado e

posteriormente eliminado pelos rins e pulmões.

Os mecanismos de resistência são complexos, envolvendo alterações no metabolismo pró­droga, eliminação alterada ou

catabolismo rápido dos metabólitos ativos. Aumento dos níveis de substratos normais competitivos e mutação dos locais

de ligação de enzimas também são possíveis.

Efeitos colaterais

A neurotoxicidade é grave principalmente em gatos, razão pela qual a 5­fluoruracila nunca deve ser administrada na espécie

felina. Os efeitos colaterais neurológicos variam entre ataxia cerebelar, convulsões, hiperexcitabilidade, perda de

consciência, nistagmo, sonolência e alterações visuais. As convulsões e a perda de consciência podem culminar em apneia,

arritmia e parada cardíaca. Em gatos, o uso tópico de 5­fluoruracila a 5% pode provocar os mesmos efeitos adversos

descritos anteriormente.

Em um estudo feito com cães, a ingestão de 20 mg/kg oral de creme de 5­fluoruracila foi suficiente para provocar

neurotoxicidade. O consumo de aproximadamente 43 mg/kg resultou em morte, e os sinais clínicos, em geral,

manifestaram­se entre 45 e 60 min após a ingestão e o óbito entre 6 e 16 h.

Agentes antimicrotubulares

Os agentes antimicrotubulares estão sendo cada vez mais utilizados na Medicina Veterinária e dividem­se em dois

subgrupos: os taxanos (paclitaxel e docetaxel) e os derivados da vinca (vincristina, vimblastina). São compostos

estruturalmente de complexos derivados de plantas e têm como mecanismo de ação a interferência na formação do fuso

mitótico.

As vincas são fármacos extraídos da planta pervinca (Vinca rosea linn) que são denominados inibidores da mitose ou

agentes antimitóticos, pois têm a capacidade de se ligarem à tubulina e de bloquearem a capacidade da proteína de se

polimerizar em microtúbulos. Por meio da destruição do aparelho mitótico, ocorre a interrupção da divisão celular na

metáfase, ou seja, são fármacos fase M­específicos. A vincristina contém um fármaco análogo semissintético ainda pouco

difundido chamado vindesina.

Já a vineralbina, um agente semissintético derivado da vimblastina, vem ganhando importância na Oncologia Veterinária.

Em Medicina, esse fármaco tem sido utilizado no tratamento de carcinomas, particularmente de pulmão, mamário e

próstata.

Os taxanos foram descobertos mais recentemente. O paclitaxel foi o primeiro taxoide identificado e extraído no final da

década de 1960 da casca do teixo do Pacífico, Taxus brevifolia. Estes fármacos atuam interferindo na mitose, assim como

na desmontagem dos microtúbulos, resultando na estabilização do aparelho do fuso mitótico e na subsequente incapacidade

para voltar à configuração normal de interfase da cromatina após a mitose.

Os mecanismos envolvidos na resistência dos agentes antimicrotubulares são bastante conhecidos e praticamente

resumem­se a dois. Um deles está ligado a uma diminuição de ligação dos fármacos em virtude da mutação das

subunidades alfa e beta do heterodímero da tubulina, e o outro, talvez o mais comum e presente também em outras classes

de fármacos, compreende­se na superexpressão de uma classe de proteínas transportadoras de membrana conhecida como

transportadoras­ABC ou pumps. Os pumps de glicoproteína­p levam à diminuição dos níveis intracelulares do

medicamento, pois causam o efluxo da sua molécula. Tanto as vincas como os taxanos servem como substrato para a

superexpressão da glicoproteína­p.

Sulfato de vincristina

Apresentação

Frasco­ampola com 1 mg em 1 mℓ ou 10 mℓ.

Doses

As doses variam de 0,5 a 1 mg/m

2

, IV, semanalmente.

Nos tratamentos do tumor venéreo transmissível em cães, podem ser administradas doses de 0,5 a 0,75 mg/m

2

, IV,

durante 6 semanas (ou 0,025 mg/kg, no máximo 1 mg/m

2

, IV, a cada 7 dias, durante 3 a 6 semanas).

Para pacientes com trombocitopenia imunomediada, pode­se optar pela dose de 0,01 a 0,025 mg/kg, IV, com intervalo de

7 a 10 dias. Para isso, a vincristina pode ser usada como agente único ou em combinação com corticosteroides.

Indicações

Esse derivado da vinca é empregado com frequência em combinação com ciclofosfamida e prednisona para o tratamento de

linfossarcomas, leucemia linfocítica crônica, leucemia linfoblástica aguda, sarcomas de tecidos moles, mastocitomas e

adenocarcinomas mamários em cães e gatos.

O sulfato de vincristina como agente único não é uma boa opção para tratamento das neoplasias, mas é eficaz no controle

de tumor venéreo transmissível.

Outra indicação do sulfato de vincristina é para pacientes com trombocitopenia imunomediada.

Aspectos farmacológicos

Como já citado anteriormente, o mecanismo de ação da vincristina é a inibição da associação dos microtúbulos por meio da

ligação das subunidades, principalmente durante as fases G2 e M do ciclo celular.

Este fármaco entra na célula pelo mecanismo de difusão passiva, em que o tempo de exposição celular ao fármaco e a

sua concentração parecem ser variantes importantes na sua citotoxicidade. Após a administração, a vincristina passa por

metabolismo hepático e é excretada por via biliar.

A vincristina é capaz de atravessar a barreira hematencefálica mesmo em doses mínimas.

Efeitos colaterais

Apesar de não ser frequente a supressão da medula óssea em pacientes tratados com vincristina, essa toxicidade é

potencialmente maior quando o fármaco é usado em altas doses ou associado a outros fármacos, como a L­asparaginase.

A neurotoxicidade provocada por sulfato de vincristina pode resultar em neuropatia periférica, determinando parestesia,

déficit proprioceptivo, íleo adinâmico e constipação intestinal.

Se o fármaco for acidentalmente aplicado no tecido perivascular, pode ocorrer necrose tecidual, pois a vincristina é

vesicante. A administração do fármaco deve ser interrompida imediatamente caso seja verificado o seu extravasamento. Ver

em efeitos colaterais o manejo no caso de extravasamento de quimioterápicos.

Vimblastina

Apresentação

Frasco­ampola de 10 mg.

Doses

As doses administradas variam de acordo com os protocolos instituídos, podendo ser:

• Para cães: 2 a 2,5 mg/m

2

, IV, sob infusão lenta, semanalmente

• Para gatos: 2 mg/m

2

, IV, sob infusão lenta, semanalmente.

Indicações

As neoplasias tratadas com vimblastina compreendem linfomas, carcinomas e tumores esplênicos. Entretanto, a sua maior

utilização é no tratamento do mastocitoma.

A vimblastina também é indicada para o controle de leucemia e linfoma em cães e gatos e geralmente é empregada em

combinação com outros antiblásticos.

Aspectos farmacológicos

A vimblastina se liga fortemente a subunidades microtubulares e altera a adição de tubulinas, bloqueando a montagem dos

microtúbulos. O mecanismo de ação é o mesmo da vincristina. Esse fármaco é parcialmente metabolizado no fígado em

outro composto ativo, o diacetil­vimblastina. A excreção primária é biliar e apenas uma pequena porção é eliminada pela

urina na forma inalterada. A vimblastina não atravessa a barreira hematencefálica.

Efeitos colaterais

Os efeitos citotóxicos desse agente são semelhantes aos da vincristina, excetuando­se a grave mielossupressão induzida

pela vimblastina. Os efeitos imunossupressivos são representados por leucopenia, sendo menos frequente a anemia, e a

trombocitopenia geralmente é transitória. O nadir acontece entre o 4

o e o 7

o dia após a administração, e a recuperação

medular pode ocorrer em 7 a 17 dias após a aplicação de vimblastina.

Náuseas e vômito são bastante frequentes e geralmente duram menos de 24 h. Entretanto, anorexia, diarreia e

constipação intestinal também podem ocorrer. Existem alguns relatos sobre a ocorrência de sinais ligados à toxicidade do

sistema nervoso autônomo, como retenção urinária e taquicardia sinusal, embora sua neurotoxicidade seja menor quando

comparada à vincristina.

A vimblastina também é vesicante, fato esse que pode levar à irritação da pele, flebite e necrose caso haja

extravasamento do fármaco.

Vinorelbina

Apresentação

Frasco­ampola com 1 ou 5 mℓ na concentração de 10 mg/mℓ.

Indicações

Em Medicina, a vinorelbina tem sido usada no tratamento de carcinomas, principalmente no carcinoma pulmonar, de mama

e próstata. Na Veterinária, respostas têm sido documentadas em carcinoma pulmonar, tumor de mama metastático,

carcinoma de bexiga, mastocitomas e também como controle de efusão pleural maligna, como nos casos de mesoteliomas.

Doses

A dose de vinorelbina tem sido de 15 mg/m

2

, IV, semanalmente, tanto em cães como em gatos.

Aspectos farmacológicos

A vinorelbina é metabolizada pelo fígado e excretada em sua grande maioria pela bile. O mecanismo de ação e de

resistência é similar ao das outras vincas.

Efeitos colaterais

A mielossupressão é dose­limitante. Náuseas e vômitos são raros e geralmente leves. Assim como as outras vincas, a

vinorelbina é um fármaco vesicante.

Paclitaxel

Apresentação

Frascos­ampolas de 5 mℓ com 30 mg, de 17 mℓ com 100 mg e de 50 mℓ com 300 mg.

Doses

As doses em investigação são de 170 mg/m

2

, a cada 3 semanas, para cães. Para gatos e cães de pequeno porte,

administram­se 5 mg/kg.

Indicação

Em seres humanos, a maior atividade antitumoral do paclitaxel foi observada em câncer avançado de ovário e em câncer de

mama. Alguns estudos evidenciam os benefícios do uso de paclitaxel em carcinomas mamários em cães e gatos.

Aspectos farmacológicos

O paclitaxel é um fármaco antineoplásico que age na ruptura da rede dos microtúbulos das células impedindo a mitose e a

interfase celular. É altamente lipofílico e insolúvel em água, o que causa a necessidade do uso do diluente polioxietilato de

óleo de mamona, que, pelo poder citotóxico, acaba contribuindo para o mecanismo de ação. A metabolização do paclitaxel é

hepática, e menos de 25% do fármaco é eliminado pela urina na forma inalterada.

Efeitos colaterais

Anemia e leucopenia podem ocorrer com frequência, mas os casos de trombocitopenia grave são raros. Os animais

submetidos à quimioterapia com paclitaxel podem apresentar êmese e diarreia.

Durante a administração do paclitaxel, o paciente pode apresentar reações de hipersensibilidade, mas isso acontece por

causa do diluente do quimioterápico, o Cremophor®. As reações de hipersensibilidade podem ser minimizadas pelo

tratamento prévio com dexametasona, cimetidina e difenidramina.

Docetaxel

Apresentação

Frasco­ampola de 20 mg/0,5 mℓ e 80 mg/2 mℓ.

Indicação

O docetaxel é um fármaco que apenas recentemente tem sido utilizado na Medicina Veterinária, entretanto em humanos tem

seu uso difundido em grande variedade de tumores, principalmente os epiteliais. Além disso, tem mostrado eficácia

interessante em casos metastáticos, assim como o paclitaxel.

Doses

As doses seguras para o uso deste fármaco ainda não são bem elucidadas, mas a dose máxima tolerada parece ser de 1,63

mg/kg a 1,75 mg/kg, VO (por sonda), para cães a cada 2 ou 3 semanas; e 2,25 mg/kg, IV, para gatos, VO, durante 1 h de

infusão a cada 2 ou 3 semanas. A administração do docetaxel deve ser precedida do uso de anti­histamínicos.

Aspectos farmacológicos

O docetaxel é um derivado semissintético do paclitaxel cuja principal via de administração é intravenosa, entretanto existe

grande chance do desenvolvimento de reações de hipersensibilidade, e a administração oral limita a disponibilidade em

virtude da superexpressão de glicoproteína­p e de outros transportadores. Em virtude desse fator, a ciclosporina tem sido

administrada com o docetaxel para que este efeito seja reduzido.

Assim como o paclitaxel, o docetaxel age em nível dinâmico de componentes microtubulares, entretanto apresenta

afinidade aproximadamente duas vezes mais elevada para a ligação à tubulina quando comparada ao seu análogo. A

metabolização é hepática e a eliminação é principalmente renal.

Efeitos colaterais

As toxicidades são as mesmas do paclitaxel, a não ser pela alta chance de hipersensibilidade.

Antibióticos antitumorais

Os antibióticos antitumorais são produtos da fermentação de fungos com atividade antimicrobiana e, principalmente, com

atividades citotóxicas. Esses fármacos atuam interferindo na síntese dos ácidos nucleicos, por meio de um processo que

impede a duplicação e a separação das cadeias de DNA e RNA. Em geral, esses agentes são considerados inespecíficos

para o ciclo celular. Atualmente, as antraciclinas são consideradas os fármacos antitumorais mais efetivos do mercado

farmacêutico, e entre os principais agentes desse grupo estão a doxorrubicina, a bleomicina, a actinomicina D, a

epirrubicina, a mitoxantrona, a idarrubicina, a doxorrubicina encapsulada em lipossomos e, recentemente, a doxorrubicina

contida em microemulsão, entretanto esta última ainda não está disponível no mercado farmacêutico.

Doxorrubicina

Apresentação

Comercialmente, a doxorrubicina está presente na forma de pó liofilizado, nas dosagens de 10 e 50 mg, devendo ser

dissolvida em solução de cloreto de sódio 0,9% ou água para injetáveis.

Indicações

A doxorrubicina é amplamente empregada como agente quimioterápico único ou em associação com outros fármacos para

potencializar seu efeito sobre as neoplasias. Suas principais indicações terapêuticas em cães são em linfomas, sarcomas

osteogênicos, carcinoma testicular, hemangiossarcoma, carcinoma de tireoide, adenocarcinoma mamário, carcinoma de

células escamosas e em outros tumores sólidos. Esse fármaco também é indicado para leucemia granulocítica aguda e

leucemia linfocítica aguda. Em gatos, a doxorrubicina já foi empregada no controle de linfomas, adenocarcinomas

mamários e fibrossarcomas.

Aspectos farmacológicos

A doxorrubicina é rapidamente distribuída nos tecidos, como fígado, baço, rim, pulmão, coração, e não atravessa a barreira

hematencefálica. Tem metabolização hepática pela aldoceto redutase e glicosidases microssomais para originar

doxorrubicinol, seu principal metabólito, que apresenta algum efeito antitumoral, contém agliconas e outros derivados.

Produz excreção pela bile em espécies animais. Na Medicina, a excreção renal confere uma cor vermelha à urina, o que não

é observado na Veterinária. A doxorrubicina é lentamente eliminada do plasma, com uma meia­vida de 18 a 32 h.

O principal mecanismo de resistência da doxorrubicina está ligado ao fenômeno de MRMD explicado anteriormente.

Doses

Em cães, a dose é de 30 mg/m², administrada, IV, durante 10 a 30 min, a cada 3 ou 4 semanas.

Para gatos e cães de pequeno porte (que pesam 10 kg ou menos), a dose mais indicada é de 1 mg/kg, IV, a cada 3

semanas.

Principais efeitos colaterais

A toxicidade da doxorrubicina envolve alterações hematológicas, gastrintestinais, cardiocirculatórias, dermatológicas,

renais, entre outras. Ocorrem leucopenia, anemia e trombocitopenia, com nadir de 10 a 14 dias e recuperação medular 21

dias após a última aplicação. A cardiotoxicidade decorrente do uso de doxorrubicina em cães é a cardiomiopatia dilatada,

caracterizada por uma diminuição da função sistólica. Este efeito é dose­dependente, sendo já estabelecida uma dose

máxima segura que não deve exceder 180 a 240 mg/m². Os efeitos tóxicos ao coração são caracterizados por arritmias,

taquiarritmias, congestão cardíaca e morte, atribuídos à liberação de radicais livres pela doxorrubicina. Dessa forma, um

monitoramento cardíaco constante por meio de eletrocardiografia e ecocardiografia em pacientes que fazem uso deste

quimioterápico é de grande valia para prevenir e diagnosticar essas complicações.

Distúrbios gastrintestinais como náuseas, êmese, diarreia, colite, anorexia e perda de peso podem ocorrer. Alterações

renais como glomerulopatias e fibrose intersticial podem estar presentes principalmente nos felinos. Em cães e gatos, a

doxorrubicina pode ocasionar alopecia, sendo o Poodle e o Cocker as raças mais predispostas. Além disso, outros

transtornos dermatológicos como prurido e urticária podem ocorrer. Embora sejam inúmeros os efeitos colaterais causados

pela doxorrubicina, estes não devem desencorajar seu uso na terapia contra o câncer, pois em geral os pacientes que

recebem esse fármaco, desde que cuidadosamente monitorados, toleram bem os efeitos adversos e são beneficiados pela

quimioterapia.

A doxorrubicina pode causar reações de hipersensibilidade. Para minimizar os riscos, recomenda­se uma administração

lenta, além de aplicações prévias de anti­histamínicos e corticosteroides. Outro cuidado importante no momento da

administração do quimioterápico é a obtenção de um acesso venoso com um cateter seguramente colocado para que não

ocorra extravasamento do fármaco. A doxorrubicina tem alto poder vesicante, que pode gerar necrose perivascular e de

tecidos moles adjacentes muito graves, que na maioria das vezes requer intervenção cirúrgica ou até mesmo amputação do

membro. Ver o procedimento adequado em efeitos colaterais neste mesmo capítulo.

Informações complementares

Doxorrubicina encapsulada em lipossomos

A doxorrubicina lipossomal visa a diminuir a cardiotoxicidade, pois os quimioterápicos encapsulados têm meia­vida mais

prolongada, promovendo maior exposição das células neoplásicas aos citostáticos. A doxorrubicina lipossômica pioneira do

mercado internacional é a Doxil®, produzida pela Johnson & Johnson, recomendada para cães e gatos na dose de 1 mg/kg,

a cada 3 semanas, IV, demonstrando atividade em cães contra linfoma cutâneo de células T, linfoma multicêntrico,

hemangiossarcoma e histiocitoma maligno. Em gatos, a ação contra sarcomas de aplicação foi documentada. No Brasil,

esta forma de apresentação da doxorrubicina já está disponível, desenvolvida pela empresa Jansen, com nome comercial

Caelyx®.

Doxorrubicina contida em microemulsão

Ainda está em estudo um sistema microemulsionado que contenha doxorrubicina, que apresenta em sua fase interna o

colesterol, com intuito de direcionar o fármaco para o tecido tumoral e diminuir sua distribuição pelo miocárdio, reduzindo

assim sua toxicidade. Em um ensaio realizado em camundongos e ratos Wistar, por Formariz et al.

27

, constatou­se, por

meio da administração da dose letal média (DL50), menor toxicidade para a doxorrubicina em microemulsão quando

comparada com o cloridrato. Em 2013, Assumpção et al.

28 verificaram em ratos Wistar diferenças no perfil

farmacocinético de doxorrubicina em microemulsão e cloridrato de doxorrubicina, observando que os animais que

receberam a microemulsão apresentaram maior concentração plasmática do fármaco. Além disso, compararam­se os efeitos

da administração em dose única das formulações sobre o tecido cardíaco nesse mesmo modelo animal, por meio da

determinação da atividade de CKMB sérica, e constataram que o grupo tratado com cloridrato de doxorrubicina apresentou

aumento significativo em relação ao grupo tratado com doxorrubicina contida em microemulsão, indicando cardiotoxicidade

para o primeiro. O uso dessa nova formulação em cães ainda está sendo aprimorado, e estima­se que futuramente os

tratamentos quimioterápicos aumentem a especificidade pelo alvo tumoral, reduzindo assim os efeitos indesejáveis.

Epirrubicina

Apresentação

Comercialmente, as apresentações disponíveis são de frascos com 10 e 50 mg.

Doses

Um estudo descreve o uso de epirrubicina após a ressecção de um carcinoma uterino em uma cadela de 10 meses de idade,

o qual a dose de 30 mg/m², IV a cada 3 semanas demonstrou ser segura. Existem vários esquemas de administração nos

tratamentos com epirrubicina, entre eles a dose de 30 mg/m² a cada 3 semanas; 10 mg/m² nos dias 1, 2 e 3, a cada 4

semanas; e para cães com menos de 10 kg, aplicar a dose de 1 mg/kg. Para gatos, a indicação e a dose são desconhecidas.

Indicações

A epirrubicina é um semissintético derivado da doxorrubicina. O uso primário da epirrubicina em cães foi como agente

único em tratamentos de linfossarcomas. Além disso, esse fármaco também pode ser empregado no controle de leucemia

granulocítica aguda, leucemia linfocítica aguda, sarcomas e carcinomas.

Aspectos farmacológicos

A epirrubicina é rapidamente distribuída nos tecidos, ligando­se às proteínas plasmáticas, predominantemente à albumina.

O fármaco também se concentra nas células vermelhas do sangue. Tem metabolização principal pelo tecido hepático,

gerando como principal metabólito o doxorrubicinol. A depuração plasmática não é afetada pela duração da infusão ou pelo

esquema de administração. A concentração no plasma diminui de modo trifásico com meia­vida média entre 3 min, 2,5 h e

33 h. Os principais metabólitos são eliminados por excreção biliar e urinária.

Principais efeitos colaterais

As reações adversas da epirrubicina incluem alterações hematológicas, gastrintestinais, cardíacas, dermatológicas, entre

outras. Apesar de ter características análogas às da doxorrubicina, a epirrubicina é menos mielossupressiva e cardiotóxica.

A administração deve ser realizada sempre pela via intravenosa em razão da ação vesicante semelhante à da doxorrubicina.

Actinomicina-D (dactinomicina)

Apresentação

Apresentação em frasco­ampola de 0,5 mg com pó liofilizado para reconstituição.

Doses

Algumas dosagens estabelecidas para cães são: 0,5 a 0,9 mg/m², IV, a cada 2 ou 3 semanas; 0,015 mg/kg, IV, nos dias 1 e

5, por 4 semanas; ou infusão intravenosa lenta de 0,7 a 1 mg/m², a cada 2 ou 3 semanas.

Indicações

Actinomicina­D é usada como agente de resgate em pacientes com falha no protocolo quimioterápico convencional para

linfoma, entretanto sua eficácia ainda é questionada. Também pode ser utilizada como um substituto não cardiotóxico da

doxorrubicina, quando esta chega à dose cumulativa máxima de 180 a 240 mg/m². No entanto, sua eficácia é menor quando

comparada à da doxorrubicina. Este agente também pode ser empregado no tratamento de vários tipos de carcinomas,

incluindo adenocarcinoma do saco anal, adenocarcinoma perianal, carcinoma de células escamosas, carcinoma de tireoide,

carcinoma de células transicionais e carcinoma testicular. Sua indicação e dosagem para gatos são desconhecidas.

Aspectos farmacológicos

A actinomicina­D é um antibiótico antitumoral, derivado de culturas de Streptomyces parvullus, que atua interferindo na

síntese de DNA, RNA e proteínas. Esse fármaco é classificado como ciclo celular não específico. Estudos demonstraram

que a actinomicina­D é rapidamente removida da circulação, não agindo sobre o sistema nervoso central. O fármaco é

excretado pela bile e urina, com meia­vida plasmática terminal de 36 h. Menos de 10% do fármaco administrado é

metabolizado.

Principais efeitos colaterais

Mielossupressão caracterizada por leucopenia, trombocitopenia e anemia. Complicações gastrintestinais como náuseas,

êmese, gastrite, glossite, ulceração gastrintestinal, dor abdominal e diarreia. Podem ocorrer também alterações

dermatológicas como alopecia, erupção, descamação e hiperpigmentação.

Idarrubicina

Apresentação

Apresentação da solução injetável em frascos de 10 mg para reconstituição.

Indicações

A idarrubicina já foi relatada no controle de linfossarcoma e de fibrossarcoma em gatos.

Doses

A dose oral é de 2 mg por gato, por dia, durante 3 dias a cada 3 semanas; ou 0,2 mg/kg pela via intravenosa, durante 3 dias

a cada 3 semanas. Não há relatos do uso clínico de idarrubicina em cães.

Aspectos farmacológicos

A idarrubicina farmacologicamente assemelha­se à doxorrubicina e é a única antraciclina que também tem apresentação oral

e metabolização predominantemente hepática. Este fármaco age inibindo a síntese de DNA e RNA.

Principais efeitos colaterais

A idarrubicina é menos cardiotóxica do que a doxorrubicina. Os efeitos colaterais relacionados com êmese, anorexia e

leucopenia foram relatados em gatos.

Mitoxantrona

Apresentação

Apresentação em frascos com 20 mg.

Indicações

O mitoxantrona é empregado em cães e gatos no controle de linfomas, sarcomas e carcinomas, entre eles, carcinomas de

células escamosas, carcinoma de células transicionais, tumores de mama, fibrossarcoma, hemangiopericitoma e

adenocarcinoma renal.

Doses

Em cães, pode ser administrado de 5 a 6 mg/m², IV, a cada 3 semanas; ou 6 a 6,5 mg/m², IV, a cada 2 ou 3 semanas. Em

gatos, 6,5 mg/m² a cada 3 semanas; ou 5 a 6,5 mg/m² a cada 3 a 4 semanas, IV.

Aspectos farmacológicos

O mitoxantrona é um citostático que age interferindo na síntese de DNA, além de ser ciclo celular inespecífico. Sua

metabolização é primariamente hepática.

Principais efeitos colaterais

Esse agente antineoplásico é mais mielossupressivo quando comparado à doxorrubicina. As principais complicações são

neutropenia, trombocitopenia e anemia, com nadir entre 7 e 14 dias após a aplicação. As alterações gastrintestinais

decorrentes da administração da mitoxantrona envolvem anorexia, náuseas, êmese, estomatite, mucosite, hemorragia

entérica, diarreia e constipação intestinal. Os pacientes submetidos à terapia com mitoxantrona podem apresentar alopecia,

urticária, flebite e reações alérgicas.

Hormônios

A terapia hormonal para o controle do câncer tem objetivo paliativo, em que os agentes hormonais podem ser

administrados como terapia aditiva. O objetivo desta forma de tratamento é deter o crescimento neoplásico em tumores

influenciados por hormônios, como alguns tumores de mama, próstata, útero, tireoide, linfomas e mastocitomas. Os

hormônios mais utilizados em Medicina Veterinária são os corticosteroides, eficazes no tratamento de mastocitomas,

linfomas e leucemias linfoides. O mecanismo de ação pelo qual os esteroides destroem as células cancerosas se dá por

meio de alteração no transporte de nutrientes para a célula, indução de apoptose e indução de diferenciação celular.

Prednisona

Apresentação

Comparando com outros fármacos, a prednisona é a de menor custo e a mais bem tolerada. Tem apresentação em

comprimidos de 5 mg e 20 mg.

Indicações

A prednisona apresenta atividade antitumoral contra linfoma, mastocitoma e tumores de células plasmáticas. Outras

indicações para o uso da prednisona em Oncologia Veterinária incluem pacientes com tumores intracranianos, insulinomas

ou osteopatia hipertrófica. Além disso, a prednisona é indicada para controle de hipercalcemia, dor, aumento da pressão

intracraniana e hipoglicemia associada ao câncer.

Doses

A dose citotóxica para cães e gatos é de 2 mg/kg a cada 24 h, VO, com tempo de duração e redução da dose de acordo com

o protocolo estabelecido. A dose não citotóxica é de 0,5 mg/kg, a cada 24 ou 48 h.

Aspectos farmacológicos

A prednisona é um dos hormônios que integram muitos protocolos antineoplásicos. Essa substância atua em receptor

celular específico e em células sensíveis, causando a cisão do DNA, inibindo a divisão celular.

Principais efeitos colaterais

Poliúria, polifagia e polidipsia são efeitos comuns causados pela administração de corticosteroides. A prednisona não é

mielossupressiva, mas pacientes tratados com este fármaco podem desenvolver hiperadrenocorticismo iatrogênico. Os

animais tratados com prednisona devem ser monitorados, pois podem ser acometidos por distúrbios eletrolíticos (retenção

de sódio e perda de potássio), osteoporose e pancreatite, além de ulcerações gastrintestinais.

Enzimas

Na Medicina Veterinária, a L­asparaginase é a enzima mais utilizada como agente antiblástico, pois ela provoca uma

diminuição do aminoácido asparagina no plasma celular. Entretanto, seu uso é mais restrito em linfomas e leucemias em

virtude do fato de outras células normais serem capazes de sintetizar o aminoácido suficiente para substituir a perda.

L-asparaginase

Apresentação

Apresentação em frasco­ampola de 10 mℓ com 10.000 UI.

Indicações

Em cães e gatos, a L­asparaginase tem indicação em protocolos de mono ou poliquimioterapia, no controle de linfomas

cutâneos e multicêntricos e leucemia linfoblástica. Existem relatos na literatura sobre administração de L­asparaginase em

tratamentos de mastocitomas. Comparando com outros fármacos antineoplásicos, a L­asparaginase tem custo alto e é bem

tolerada.

Doses

A dose de L­asparaginase para cães e gatos é de 40 UI/kg, administrada pela via subcutânea ou intramuscular. A dose de

10.000 UI/m², intramuscular semanalmente; ou 10.000 a 20.000 UI/m² intravenoso, subcutâneo, intramuscular ou

intraperitoneal a cada 1 ou 3 semanas.

Aspectos farmacológicos

A L­asparaginase é rapidamente absorvida após aplicação intramuscular, subcutânea, intravenosa e intraperitoneal. Essa

enzima é capaz de destruir as reservas exógenas do aminoácido asparagina. Esse aminoácido é vital ao processo de síntese

proteica das células neoplásicas, que são incapazes de produzir asparagina endógena. Esta enzima é um antiblástico ciclo

celular específico que atua predominantemente na fase G1.

Principais efeitos colaterais

Os efeitos citotóxicos dessa enzima envolvem alterações hematológicas, gastrintestinais, pancreáticas e anafilaxia.

Diversos

Alguns fármacos não podem ser agrupados em determinada classe de ação farmacológica. Os fármacos como a hidroxiureia

e o piroxicam destacam­se nesta categoria e são os mais utilizados.

Hidroxiureia

Apresentação

Apresentação em cápsulas de 500 mg.

Indicações

A hidroxiureia, quando comparada com outros medicamentos, é de baixo custo e bem tolerada. As principais indicações

para o uso deste agente são nos casos de policitemia vera e mieloide crônica, leucemia de basófilos e mastocitoma.

Doses

A hidroxiureia é administrada pela via oral. Para cães, 80 mg/kg, durante 3 dias; ou 30 mg/kg ao dia, por 5 a 7 dias

(indução), e na sequência, 15 mg/kg, diariamente nos casos de policitemia primária; ou 50 mg/kg a cada 24 h por 1 semana

como indução, e na sequência, a cada 48 h até a contagem de células sanguíneas retornar ao normal.

Para gatos, a dose de 10 mg/kg a cada 24 h e na sequência, a cada 48 h, até os valores hematológicos voltarem à

normalidade.

Aspectos farmacológicos

Esse agente é bem absorvido no trato gastrintestinal, transpõe rapidamente a barreira hematencefálica e é excretado pela

urina. A hidroxiureia destrói o centro catalítico das enzimas ribonucleosídio redutase e desoxirribonucleosídio redutase,

inibindo a síntese de DNA. Esse fármaco tem a característica de ser específico para a fase S do ciclo celular.

Principais efeitos colaterais

Os efeitos colaterais mais relatados em animais são de caráter hematológico, gastrintestinal e dermatológico. Os efeitos

hematológicos mais comuns são decorrentes da mielossupressão, com leucopenia, trombocitopenia e anemia. Os gatos

podem ser acometidos por metaemoglobinemia e hemólise. As complicações de natureza gastrintestinais são representadas

por anorexia, náuseas, êmese, diarreia, mucosite e constipação intestinal. Os efeitos dermatológicos em animais

submetidos à quimioterapia com hidroxiureia incluem alopecia, prurido e eritema. Outras complicações como convulsão,

cefaleia, desorientação e nefrotoxicidade também já foram descritas.

Piroxicam

Apresentação

Cápsulas de 10 e 20 mg.

Indicações

A relação entre a expressão de ciclo­oxigenase­2 (COX­2) e a carcinogênese tem sido pesquisada em diversos tipos de

tumores em humanos e cães, incluindo o carcinoma de células de transição de bexiga, carcinoma prostático, carcinoma de

células escamosas, o adenoma e o adenocarcinoma cólon retal, o carcinoma inflamatório, o osteossarcoma e o melanoma

oral. Consequentemente, o uso de inibidores de COX­2 tem sido amplamente estudado em vários desses tumores,

especialmente no carcinoma de células de transição da bexiga.

A COX­2 é uma enzima induzida e sintetizada em processos inflamatórios e neoplásicos, podendo ser induzida pelos

oncogenes ras e scr, por hipoxia tecidual, raios ultravioletas, interleucinas, andrógenos, fator de crescimento epidermal,

fator de necrose tumoral (TNF­α) e benzopirenos. A partir dessas observações, foram sugeridos os benefícios do uso de

inibidores de COX­2 na terapia antineoplásica para diminuição da expressão de proteínas inibidoras de apoptose e aumento

de proteínas pró­apoptóticas, demonstrando ser uma modalidade terapêutica adjuvante bastante promissora.

Doses

Em cães e gatos, a dose utilizada é de 0,3 mg/kg a cada 24 h, ou 0,5 mg/kg a cada 48 h, VO.

Aspectos farmacológicos

O piroxicam é um agente anti­inflamatório não esteroide com propriedades analgésicas e antipiréticas. Este fármaco atua

diminuindo a síntese das prostaglandinas por inibição reversível COX­2. A COX­2 tem entre suas funções a de converter o

ácido araquidônico em prostaglandinas e tromboxanos, de modo que essas substâncias contribuem para o crescimento de

células tumorais, para a imunossupressão e para a angiogênese tumoral.

Principais efeitos colaterais

Em cães, os efeitos gastrintestinais relacionados com o uso de piroxicam incluem anorexia, êmese, diarreia, úlceras

gastrintestinais, constipação intestinal, flatulência e dor abdominal. Existem relatos de que a administração por tempo

prolongado em cães resultou em necrose papilar renal.

Medidas de proteção em quimioterapia antiblástica

Atualmente, o crescente número de animais acometidos por afecções neoplásicas faz da Oncologia uma área emergente na

Medicina Veterinária. Com isso, cada vez mais, o médico­veterinário depara­se com animais que necessitam de

quimioterapia antiblástica. O elevado número de tratamentos dessa natureza, sem as devidas precauções, expõe os

operadores aos fármacos citostáticos. Os riscos ocupacionais são muito preocupantes, pois algumas pesquisas informam

que a quimiotoxicidade é dose­dependente. Sendo assim, os efeitos deletérios podem ser mais nocivos à medida que ocorre

a exposição aos fármacos citostáticos com maior frequência. Rapidamente, conclui­se que a falta de equipamentos de

proteção pode acarretar prejuízos incalculáveis e irreparáveis representados por mutagenicidade, teratogenicidade e

carcinogenicidade de natureza ocupacional.

A exposição aos agentes antiblásticos pode ocorrer pela via respiratória quando há contaminação ambiental, pode

decorrer do contato direto com a pele e também pela ingestão acidental dos fármacos por meio de alimentos e cigarros

contaminados.

A liberação desses agentes para o ar acontece, principalmente, por aerossóis que são produzidos quando se remove a

solução do frasco na abertura de ampolas, na transferência de soluções e nas retiradas de ar das seringas, quando se

mensura o volume preciso a ser administrado. A exposição do operador à toxicidade dos citostáticos também pode

acontecer por meio de procedimentos que objetivam o fracionamento de comprimidos.

Todos os quimioterápicos antineoplásicos devem ser mantidos em áreas seguras, devidamente identificadas e com acesso

limitado aos técnicos orientados e treinados para a manipulação desses fármacos. Para que os medicamentos não sofram

alterações que comprometam o tratamento, faz­se necessário que o local de armazenamento desses fármacos apresente

todas as condições exigidas pelo fabricante no que se refere ao controle de luminosidade, temperatura, ventilação e

umidade.

As normas para a preparação dos agentes antiblásticos devem ser estabelecidas e afixadas nos locais de manipulação dos

citostáticos. Todas as pessoas que preparam ou manipulam esses fármacos devem ser adequadamente treinadas e

conscientizadas sobre a toxicidade dos quimioterápicos antineoplásicos.

A dispersão de gotículas ou partículas no ambiente, durante a manipulação dos citostáticos, é a principal forma de

exposição ocupacional. Sendo assim, para que o operador não seja contaminado por inalação ou contato direto com pele ou

mucosas, faz­se necessário que toda a manipulação dos fármacos antineoplásicos seja efetuada em capela de fluxo laminar

vertical classe II, tipo B2 (Figura 16.5).

O operador deve estar protegido de modo adequado durante a preparação dos medicamentos antineoplásicos. As pessoas

envolvidas devem usar paramentação apropriada, como avental longo, de material descartável com baixa permeabilidade. O

operador precisa usar óculos de proteção, gorro, máscaras com filtro de carbono e luvas próprias para manipulação de

quimioterápicos (Figura 16.6). Convém salientar que a máscara cirúrgica não oferece proteção adequada para prevenir este

tipo de contaminação.

Além da paramentação, o operador deve ficar atento, pois alguns eventos no decorrer da preparação dos fármacos

antiblásticos podem causar exposição acidental. Com frequência, constata­se aumento de pressão no interior dos frascos

após a colocação do diluente. A diluição e a aspiração do quimioterápico devem ser cuidadosas, respeitando­se o equilíbrio

das pressões de dentro e de fora do frasco, evitando­se, assim, a dispersão de aerossóis no local de trabalho. Para se evitar

a dispersão de gotículas, recomenda­se o uso de um quimiodispensador (Chemomini­spike®) colocado entre a seringa e a

ampola, que mantém o equilíbrio de pressão e evita a liberação de aerossóis que contaminam o ambiente e o operador.

O ajuste das doses dos quimioterápicos antineoplásicos para pequenos animais muitas vezes obriga o médico­veterinário

a fracionar os comprimidos. No entanto, se esse procedimento for necessário, os autores recomendam que a manobra seja

realizada em uma farmácia de manipulação devidamente preparada.

Figura 16.5 Manipulação de quimioterápico antineoplásico em capela de duplo fluxo laminar.

1.

2.

3.

4.

Figura 16.6 Materiais essenciais na manipulação de quimioterápicos antineoplásicos: óculos de proteção, gorro, máscaras

com filtro de carbono, luvas de nitrila e capa impermeável.

Concluída a preparação dos quimioterápicos, o operador deve proceder à limpeza da área de trabalho. Todo o material

utilizado para a preparação dos fármacos e para a proteção deve ser descartado em embalagem apropriada, selada e

identificada por etiqueta e, em seguida, encaminhado para incineração.

O material pontiagudo utilizado na aplicação deve ser acondicionado em recipiente impermeável e resistente à perfuração,

identificado como lixo tóxico e encaminhado à incineração. Para aqueles hospitais veterinários que têm dificuldades para

efetuar a calcinação dos dejetos quimiotóxicos, aconselha­se que esse procedimento seja realizado em centros hospitalares

equipados, após prévio acordo e normatização.

Todo material contaminado por excreções de animais tratados com citostáticos nas últimas 24 h deve ser removido com

os demais resíduos da quimioterapia. As pessoas responsáveis pela remoção desse material biológico precisam se proteger

com aventais e luvas durante o procedimento. No que se refere a roupas e cobertores contaminados, recomenda­se o

manuseio com luvas.

Se ocorrer derramamento acidental de fármaco antineoplásico, devem­se remover de imediato da área atingida os animais

e as pessoas não envolvidas diretamente com a quimioterapia. O medicamento derramado deve ser absorvido com auxílio

de compressa ou papel, quando líquido, e os fármacos em forma de pó devem ser removidos com gaze umedecida. Em

seguida, a área atingida recebe a aplicação de produtos químicos para minimizar a toxicidade dos agentes antiblásticos e é

lavada três vezes com detergente e água limpa. A contaminação por determinados agentes antiblásticos exige tratamentos

adicionais, descritos pelo fabricante.

Quando os animais ou as pessoas são contaminados por acidente, aconselha­se a lavagem imediata da superfície cutânea

atingida com água. No caso de exposição dos olhos aos fármacos, aconselha­se a irrigação da área atingida com cloreto de

sódio a 0,9%, durante 5 min. Além disso, recomenda­se que as pessoas contaminadas procurem atendimento médico

imediato.

É de responsabilidade do médico­veterinário a orientação dos proprietários sobre a gravidade das contaminações com os

medicamentos antineoplásicos, enfatizando a necessidade de todas as normas serem rigorosamente seguidas.

Referências bibliográficas

BRUCE, W. R.; LIN, H. An empirical cellular approach to the improvement of cancer chemotherapy. Cancer Res., v. 29, n. 12, p.

2308­2310, 1969.

BRONDEN, L. B.; FLAGSTAD, A.; RUTTEMAN, G. R. et al. Study of dog and cat owners’ perceptions of medical treatment for

cancer. Vet. Record, v. 152, n. 3, p. 77­79, 2003.

WITHROW, D. J.; VAIL, D. M. Withrow & MacEwen’s small animal clinical oncology. 5. Ed. St. Louis: Saunders Elsevier, 2013.

VETERINARY, C. O. O. G. Veterinary cooperative oncology group­common terminology criteria for adverse events (VCOGCTCAE) following chemotherapy or biological antineoplastic therapy in dogs and cats. Vet. Comp. Oncol., v. 2, p. 19










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