Figura 6.36 Cão macho, Chow­chow, 7 anos. Histórico: hematoemese e emagrecimento progressivo. A. Evidente

espessamento da parede gástrica em região de curvatura maior, com perda da estratificação das camadas. B. Delimitação

evidente entre parede gástrica normal e de área afetada, identificada pela seta. C. Linfonodo gástrico aumentado,

hipoecogênico, circundado por mesentério. M = massa.

O liomiossarcoma geralmente está associado à massa grande, complexa, de crescimento concêntrico, localizada na região

de antro, e normalmente ulcerada, sendo a hematêmese o principal sinal clínico. Por sua localização, pode haver obstrução

e impedimento da passagem pilórica, com acúmulo variável de fluido no lume gástrico e hipomotilidade. A consequente

retenção de líquido pode delinear a lesão, particularmente se ela for intraluminal.

O resultado negativo de investigação rádio e ultrassonográfica não descarta a possibilidade de neoplasia gástrica.

Intestino delgado

Radiografias simples podem não relevar alterações ou permitir a visibilização de uma massa de tecidos moles envolvendo

alguma porção do intestino. Podem­se visibilizar sinais de obstrução intestinal, como dilatação e acúmulo de gás ou fluido

no segmento cranial à obstrução. O íleo pode apresentar aspecto radiográfico variável, dependendo do tipo, do grau e da

duração do processo obstrutivo. Podem­se visibilizar aumentos de linfonodos abdominais e metástases pulmonares, as

quais são raramente detectadas nas radiografias torácicas.

Figura 6.37 Imagem sonográfica do estômago de um felino, macho, 11 anos de idade e sem raça definida com

linfossarcoma. Observa­se o espessamento uniforme e hipoecoico da parede gástrica, com perda do padrão das camadas.

Estudos com bário de neoplasias intestinais intraluminais demonstram defeitos de preenchimento, irregularidades

(ulcerações) no interior do intestino, envolvendo, em geral, apenas um lado da parede, processos obstrutivos ou constrição.

Adenocarcinomas intestinais tendem a produzir lesões constritoras anulares, estreitando o lume intestinal e dando

aspecto de “miolo de maçã” ou “porta­guardanapos” em estudos contrastados. As lesões de linfossarcoma são mais

difusas, afetando segmentos mais longos da parede intestinal.

As neoplasias intestinais apresentam aspectos ultrassonográficos similares àqueles descritos para os tumores gástricos.

Dependendo da localização e da extensão da lesão, as características ultrassonográficas incluem o espessamento focal ou

generalizado, simétrico ou assimétrico, da parede intestinal. As camadas da parede estão, em geral, rompidas e pode haver

retenção de fluido ou de alimento em áreas próximas. Focos anecoicos e hipoecoicos dentro da massa podem estar

relacionados com áreas de necrose e degeneração.

Durante avaliação em tempo real, é importante identificar a presença de gás que causa reverberação ou pequena

quantidade de fluido intraluminal no interior da massa. Esse aspecto confirma que a lesão está localizada em alças

intestinais.

Adenocarcinomas intestinais são focais, assimétricos, irregulares, com ecogenicidade mista e paredes espessadas, com

perda do padrão normal de camadas. Nos felinos, o adenocarcinoma normalmente apresenta­se como espessamento

transmural circunferencial, concêntrico e de ecogenicidade mista, localizado mais comumente no jejuno e na junção

ileocecocólica. Esse tipo tumoral costuma causar estreitamento luminal, quase nunca observado no linfoma (Figura 6.38).

O adenocarcinoma afeta um segmento intestinal, ao contrário do linfoma, que pode envolver vários segmentos. Essas duas

neoplasias podem acometer os linfonodos mesentéricos adjacentes.

Achados ultrassonográficos de linfoma intestinal incluem espessamento transmural infiltrativo com rompimento das

camadas da parede e textura hipoecoica.

A diminuição da motilidade é, com frequência, visualizada no segmento afetado. Se a lesão for intraluminal, ela poderá

ser delineada por fluido (Figura 6.39).

Com frequência, os liomiossarcomas são grandes, têm origem intramural e crescem para fora da serosa como uma

grande massa excêntrica extraluminal ou, menos frequentemente, podem crescer para dentro do lume intestinal. As massas

extramurais podem interromper o contorno externo do intestino e causar inflamação localizada e conglomeração dos

intestinos.

A biopsia aspirativa guiada pelo ultrassom da lesão intestinal ou dos linfonodos regionais infartados pode ser um

método minimamente invasivo de obtenção de amostras para diagnóstico.

Intestino grosso

Radiografias simples podem não demonstrar alterações em neoplasias. Se o tumor causar obstrução ou retenção fecal em

segmento anterior, ela poderá ser evidenciada. Massa observada radiograficamente como aumento de volume de tecidos

moles, associada à parede intestinal, pode, eventualmente, ser visibilizada. Investigação com enema de sulfato de bário

permite avaliar a extensão do tumor, delineando áreas de constrição, irregularidade e ulceração, além de defeitos de

preenchimento. Neoplasias retais causam, com frequência, grandes defeitos de preenchimento pelo contraste. A porção

intestinal acometida mostra­se fixa e sem capacidade de distensão.

O exame ultrassonográfico do intestino grosso é limitado por causa da presença de gás e conteúdo fecal. Em alguns

casos, a instilação de fluido pode deslocar o material fecal e descartar um tumor mural ou intraluminal. Cães e gatos com

linfoma ou adenocarcinoma em região de cólon demonstram espessamento grave de todo o cólon descendente (acima de 7

mm), com perda de estratificação das camadas (Figuras 6.38 e 6.40). Liomiossarcoma em ceco foi descrito como uma

estrutura pouco ecogênica distorcendo acentuadamente a arquitetura cecal normal.

Neoplasias do sistema urinário

Rins

As demonstrações radiográficas de neoplasia renal dependem da presença ou não de alterações no tamanho e na função.

Deve­se considerar neoplasia, no diagnóstico diferencial, quando houver renomegalia e irregularidade em seu formato. A

urografia excretora mostrará alterações de tamanho e função, heterogeneidade e pelve renal distorcida. Havendo

disponibilidade, a angiografia renal será útil.

Figura 6.38 Adenocarcinoma em cólon descendente de felino, sem raça definida, macho, 19 anos. Histórico: disquesia. A.

Evidente espessamento da parede intestinal (0,94 cm), com perda do padrão de camadas, de aspecto hipoecogênico. B.

Importante estreitamento luminal (setas), em detrimento do espessamento concêntrico da parede intestinal. C.

Mapeamento Power Doppler da área afetada demonstrando aumento da vascularização.

Figura 6.39 Linfossarcoma intestinal. Felino, sem raça definida, macho, 8 anos. Espessamento de parede intestinal, com

perda do padrão de camadas e aspecto hipoecogênico (seta). Conteúdo pastoso luminal. M = massa.

Figura 6.40 Linfossarcoma intestinal em cólon descendente, fêmea canina, Shih­tzu, 5 anos. Histórico: disquesia. A.

Importante espessamento da parede intestinal (1,77 cm), com perda do padrão de camadas, aspecto heterogêneo, com

áreas hipoecogênicas entremeadas à parede. B. Linfonodo adjacente arredondado, medindo 2,93 × 2,6 cm (relação

altura/comprimento alterada: 0,88 cm), hipoecogênico e heterogêneo, sugerindo infiltração neoplásica metastática. M =

massa.

Em pequenos animais, existe variação no aspecto ultrassonográfico das neoplasias renais. As massas podem ser focais,

multifocais ou difusas, bem circunscritas ou infiltrativas, com ou sem distorção da pelve renal. Massas neoplásicas difusas

são menos comuns, mas podem ocorrer. As características que tornam o tumor renal detectável ou não pela

ultrassonografia são o seu tamanho, a ecogenicidade e a topografia.

Tumores renais com mais de 2 cm de diâmetro, que promovem alterações do contorno externo renal ou que desloquem o

sistema coletor, são facilmente reconhecidos. A varredura renal em três planos de corte é necessária no caso de pequenas

formações neoplásicas. Lesões menores que 1 cm de diâmetro podem não ser detectadas, principalmente se forem

isoecogênicas e não causarem distorção da arquitetura interna ou não alterarem o contorno renal.

A ecogenicidade das neoplasias tem sido correlacionada com o tipo celular, com o grau de vascularização local, com o

grau de hemorragia e de necrose. Neoplasias com grandes quantidades de tecido fibroso ou com deposição de minerais

aparecem como estruturas hiperecoicas; porém, quando hipervascularizadas, tendem a ser hipoecoicas. Quando a neoplasia

atinge boa parte do tecido renal, geralmente se apresenta com ecogenicidade mista, com áreas hiperecoicas representando

fibrose ou calcificação, e áreas hipoecoicas indicando necrose ou hemorragia. Existe a possibilidade de surgir padrão

similar a cisto multilocular, caracterizado por estruturas anecoicas separadas por áreas hiperecogênicas.

Os padrões ecográficos, porém, não permitem nenhuma distinção entre os tipos e as formas neoplásicas; indica­se a

biopsia para diferenciá­las.

Massas difusas infiltrativas podem causar o aumento simétrico do rim sem alterar sua arquitetura interna. Com

frequência, os carcinomas envolvem somente um polo, caudal ou cranial, do rim acometido (Figura 6.41).

Ureteres

Em geral, os ureteres normais não são visibilizados à ultrassonografia, mas apenas na presença de dilatação secundária à

obstrução por cálculos ou massas extrínsecas ou intrínsecas. Pode haver acometimento do ureter distal nos casos de

carcinoma de células de transição da bexiga. A urografia excretora pode revelar a massa ureteral.

Bexiga

Em geral, o desenvolvimento de neoplasias sem a presença de neoformações ósseas não é visibilizado em radiografias

simples. Neoplasias malignas, em especial o carcinoma de células de transição, são mais significativas do que as

neoplasias benignas. Geralmente, os tumores malignos são invasivos, sendo relativamente frequente a disseminação local

para os ureteres, a uretra, a próstata, o reto, a vagina e os linfonodos sublombares. Devem­se realizar também radiografias

torácicas e abdominais, com o objetivo de pesquisar metástases pulmonares e ósseas (pelve e coluna lombar).

Em radiografias simples, a bexiga comumente apresenta aspectos normais, podendo estar dilatada nos casos de

obstrução uretral. A cistografia é, em geral, necessária para demonstrar neoplasia na bexiga urinária. Com a cistografia de

contraste positivo, pode­se visibilizar o defeito de preenchimento causado pela massa projetada para o interior do lume e o

desgaste da mucosa da bexiga urinária. Esta se apresenta espessada, irregular e, ocasionalmente, com ulcerações.

Figura 6.41 Imagem sonográfica em plano sagital do rim direito de um cão macho, 15 anos de idade, sem raça definida,

com carcinoma no polo caudal do rim direito (RD). Observar massa (M) com componentes anecoicos e áreas de

ecogenicidade mesclada.

A maior parte das neoplasias envolve o trígono e o colo (Figura 6.42) e, mais raramente, o aspecto cranioventral da

bexiga urinária. Podem ocorrer processos obstrutivos. A pneumocistografia também permite observar a massa neoplásica

projetando­se para o interior da bexiga (Figura 6.43).

Carcinomas de célula de transição geralmente são caracterizados ao exame ultrassonográfico por espessamentos focais

da parede, extensões papilares ou polipoides, projetando­se para o lume, com margem intraluminal irregular. Com

frequência, são hipoecogênicas, porém podem apresentar ecogenicidade mista (Figura 6.44).

Em alguns casos, a bexiga pode estar difusamente envolvida pelo tumor, sem a presença de massa focal, tendo aspecto

ultrassonográfico similar ao da cistite crônica.

Figura 6.42 Imagem radiográfica de cistografia com contraste positivo de uma fêmea canina, 11 anos de idade, da raça

Cocker, com carcinoma de células de transição na região do trígono da bexiga urinária. A lesão presente na parede dorsal

que se estende do corpo ao colo da bexiga urinária produz um grande defeito de preenchimento e apresenta discreta

irregularidade na superfície.

Figura 6.43 Imagem radiográfica de pneumocistografia de uma fêmea canina, adulta, com carcinoma de células de

transição na região do trígono da bexiga urinária. Observa­se a massa neoplásica projetando­se para o interior da bexiga

(seta). O material com densidade radiopaca no interior da bexiga corresponde à sonda uretral (S).

Figura 6.44 Imagem sonográfica, em plano sagital, da bexiga urinária de uma fêmea canina, 9 anos de idade, da raça

Cocker, com carcinoma de células de transição envolvendo a região do corpo da bexiga. Observar espessamento focal

hipoecoico da parede, extensões papilares projetando­se para o lume e margem intraluminal irregular.

É provável que o tipo tumoral não possa ser determinado apenas por seu aspecto ultrassonográfico. Contudo, tumores

epiteliais frequentemente têm superfície luminal mais irregular que os mesenquimais.

A realização de biopsia com agulha fina e guiada por ultrassom, para a confirmação de neoplasias em bexiga, é

controversa, pelo potencial de semear células tumorais no trajeto da agulha. Nos casos em que a neoplasia apresenta­se

esfoliativa, a citologia do sedimento urinário permite avaliar a presença de células neoplásicas.

Uretra

Em exposições radiográficas simples, a bexiga urinária pode apresentar­se normal ou distendida, dependendo do grau de

obstrução da uretra. Ocasionalmente, pode­se evidenciar uma massa de tecidos moles deslocando o reto dorsalmente.

Todavia, as neoplasias uretrais são mais bem evidenciadas por meio de uretrograma retrógrado. Podem­se visibilizar

irregularidades da mucosa, focais ou difusas, e, algumas vezes, ausência de preenchimento (Figura 6.45). Essas

irregularidades podem estender­se cranialmente para o interior do colo da bexiga, tornando­se, algumas vezes, difícil

diferenciá­las de uretrite.

Podem­se identificar tumores uretrais por meio de ultrassonografia, particularmente se o colo da bexiga estiver situado

bem cranialmente ao arco púbico. Em geral, são lesões que circundam o interior da parede e podem envolver o colo da

bexiga. Sem a utilização de transdutor transretal, a ultrassonografia terá benefício limitado; a radiografia de contraste

positivo é superior como auxílio diagnóstico. São necessárias, para o diagnóstico definitivo, biopsia e citologia.

Neoplasias do sistema genital

Ovários

Radiograficamente, não são visibilizadas massas neoplásicas pequenas. Quando grandes, apresentam opacidade

homogênea, bem circunscrita e distinta do polo caudal dos rins. Nesses casos, quando localizadas no ovário direito, podem

provocar deslocamento ventral do intestino delgado e medial do duodeno e do colón ascendente. Neoplasias do ovário

esquerdo podem deslocar medialmente o colón descendente. Enquanto pequenas massas ovarianas são localizadas em

proximidades dos polos caudais dos rins, as massas relativamente grandes são pendulares e mimetizam qualquer massa

localizada na região mesogástrica (Figura 6.46). A urografia excretora pode ser útil no diagnóstico diferencial para

neoplasias renais.

A ultrassonografia, além de auxiliar na localização das massas ovarianas, permite definir o tamanho, o contorno e a

ecogenicidade. Embora facilmente identificado, o diagnóstico de massa ovariana às vezes é realizado por exclusão de

massas esplênicas, renais ou de nódulos linfáticos. De aspecto sólido, sólido com componentes císticos, císticos ou

complexos, não podem ser diferenciadas sem a análise histopatológica. As margens podem ser lisas ou irregulares.

Adenocarcinomas, teratomas e tecomas com frequência têm superfície lisa. Em geral, tumores grandes, anecoicos e

septados estão associados a tumores de células granulosas (Figura 6.47). A grande maioria dos tumores ovarianos é

unilateral e geralmente apresenta alterações císticas no ovário contralateral. Quando o acometimento é bilateral, em geral

trata­se de adenocarcinoma.

Útero

A princípio, a neoplasia uterina não pode ser diferenciada, por meio de radiografias, de massas presentes em outros órgãos.

O exame ultrassonográfico pode ser útil principalmente para determinar a origem da massa abdominal. Embora as

neoplasias uterinas não tenham características ultrassonográficas específicas, os adenocarcinomas geralmente são

solitários, apresentam tamanhos variados e superfícies irregulares, ao passo que os liomiomas caracterizam­se por massas

homogêneas isoecogênicas à parede uterina, que se projetam para o lume anecogênico (Figura 6.48). Porém, estes podem

se tornar necróticos e complexos ou sofrer degeneração cística, tornando­se heterogêneos e de difícil diferenciação.

Cérvix

Anatomicamente a cérvix encontra­se entre o reto e o colo da bexiga urinária. Entretanto, radiograficamente, esta

normalmente não pode ser visibilizada, requerendo exames contrastados para sua identificação. O principal sinal

radiográfico de alteração cervical é o deslocamento ventral do colo vesical ou o descolamento dorsal do reto.

Vagina

As neoplasias vaginais são prontamente acessíveis à inspeção visual e à palpação. A radiografia é útil para determinar o

limite cranial de uma grande massa. Se a massa proliferar cranialmente para o interior do abdome, ela será identificada

como massa abdominal caudal. A pneumocistografia ou a cistografia podem delimitar a bexiga urinária, diferenciado­a da

massa vaginal. A vaginografia retrógrada e a vaginoscopia podem ser úteis na demonstração da massa vaginal.

Na ultrassonografia, pode não ser possível a diferenciação entre massa vaginal e massa uterina. Quando visibilizadas,

podem apresentar aspecto ultrassonográfico variável, com ecogenicidade mista e parênquima heterogêneo (Figura 6.49).

Figura 6.45 Imagem radiográfica em projeção lateral­direita de cistografia de contraste duplo (A) associada a uretrograma

retrógrado com contraste positivo (B), de uma fêmea canina, 10 anos de idade, da raça Pastor­alemão, com carcinoma de

células de transição envolvendo o colo da bexiga urinária. A. Observar massa de tecidos moles (seta) projetando­se para o

interior do lume da bexiga urinária. B. Irregularidade difusa da mucosa uretral comprometida pela neoplasia.

Figura 6.46 Imagem radiográfica lateral­direita do abdome de uma fêmea canina, adulta, sem raça definida, com teratoma

no ovário direito. Observa­se massa abdominal difusa, relativamente grande, com opacidade homogênea e calcificações

amorfas internas localizadas na região mesogástrica.

Figura 6.47 Imagem sonográfica de ovário direito de uma fêmea canina, 7 anos de idade, da raça Cocker. A. Observar

massa de aspecto multicavitário com áreas preenchidas por conteúdo anecoico e separadas por septos ecogênicos. B.

Mapeamento Power Doppler evidenciando a presença de vascularização central. M = massa.

Figura 6.48 Imagem sonográfica de liomioma uterino em fêmea canina, adulta, sem raça definida. Observa­se massa

homogênea e isoecogênica à parede uterina que se projeta para o lume anecogênico do útero (UT).

Glândulas mamárias

Por meio do exame radiográfico, podem­se visibilizar as neoplasias mamárias, nas projeções laterais, como aumento de

volume de tecidos moles em região abdominal ventral. Algumas massas apresentam, no seu interior, calcificações

distróficas. Podem apresentar contornos definidos ou irregulares, com presença de área radiolucente na periferia da massa,

nos casos de tumor de mama ulcerado. Indica­se a avaliação radiográfica torácica, em projeções lateral direita, lateral

esquerda e ventrodorsal, para a avaliação de metástase pulmonar ou para linfonodos torácicos. Na presença de neoplasias

envolvendo as duas glândulas caudais, indicam­se a projeção radiográfica lateral e a ultrassonografia para a análise de

linfonodopatia sublombar.

A ultrassonografia pode auxiliar na determinação da extensão da lesão, incluindo a invasão de tecidos adjacentes pelas

neoplasias mamárias malignas. Os linfonodos regionais devem ser analisados para a evidência de hipertrofia. O tecido

mamário é ecogênico e homogêneo, e os tumores mamários comumente apresentam ecotextura variável (Figura 6.50).

Pode­se notar sombreamento acústico, na presença de calcificações. Com o uso da elastografia, é possível determinar a

rigidez da neoplasia mamária e predizer sobre a natureza de ser benigna ou maligna (Figura 6.51).

Próstata

O exame radiográfico abdominal, em relação à ultrassonografia, mostra­se limitado na caracterização das enfermidades

prostáticas. Entretanto, permite definir tamanho, forma, localização e densidade radiográfica, assim como evidenciar

metástases em linfonodos sublombares, na coluna lombar, na pelve e no pulmão.

Durante o exame radiográfico, a próstata pode apresentar­se de tamanho normal ou aumentada e com contornos

irregulares. O aumento prostático pode ser mais bem avaliado por meio de projeções radiográficas laterais. Os sinais

radiográficos de prostatomegalia incluem o deslocamento cranial da bexiga urinária e o dorsal do cólon, que, em alguns

casos, sofre compressão e, consequentemente, tenesmo. A presença de calcificações amorfas no parênquima da próstata é

sugestiva de neoplasia. Na projeção ventrodorsal, o diâmetro da próstata normal raramente é superior a dois terços do canal

pélvico. Embora, nessa posição, a porção central da próstata fique em geral obscura, pela sobreposição do sacro e das

vértebras caudais, as margens laterais da glândula são frequentemente visibilizadas, assim como o deslocamento lateral do

cólon.

A uretra prostática pode estar elevada ou deslocada lateralmente em virtude, principalmente, da prostatomegalia

assimétrica. A uretrocistografia permite verificar se a uretra encontra­se dilatada, irregular, estenosada e se há presença de

refluxo de contraste para a glândula (Figura 6.52).

A ultrassonografia pode detectar irregularidade no formato da próstata e ecogenicidade mista com ecotextura variável,

em razão dos focos múltiplos hiperecogênicos coalescentes e pouco definidos. Os focos irregulares de mineralização,

observados por regiões hiperecoicas acompanhadas de sombra acústica, são típicos de neoplasia prostática. Áreas de

hemorragia e necrose são visibilizadas como regiões focais hipoecoicas (Figura 6.53).

O diagnóstico definitivo da lesão pode ser confirmado pela biopsia aspirativa com agulha pequena ou pela biopsia Trucut guiada por ultrassom transabdominal.

Figura 6.49 Imagem radiográfica em projeção lateral­direita (A) e imagem ultrassonográfica em plano transversal (B) da

região caudal do abdome de uma fêmea canina, 13 anos de idade, da raça Pastor­alemão, com fibroliomioma vaginal. A.

Observa­se, após pneumocistografia, espessamento da parede, sinal de persistência de úraco e compressão dorsoventral

da região do pescoço da bexiga urinária. B. Massa vaginal de ecogenicidade mista e parênquima heterogêneo.

Figura 6.50 Imagem radiográfica em projeção lateral­direita (A) e imagem ultrassonográfica em plano sagital (B) da região

caudal do abdome de uma fêmea canina, 14 anos de idade, sem raça definida, com neoplasia em glândula mamária. A.

Aumento de volume de tecidos moles em região abdominal ventral de contornos bem definidos. B. Massa de

ecogenicidade mista e ecotextura variável.

Testículos

O exame radiográfico dos testículos tem aplicabilidade limitada comparada à ultrassonografia. Entretanto, permite avaliar a

presença de massas abdominais secundárias a processos neoplásicos em testículos ectópicos ou até mesmo metástases.

Testículos intra­abdominais localizam­se normalmente no trajeto entre o polo caudal do rim e o canal inguinal, podendo

causar compressão e desvios de órgãos.

A varredura eletrônica por ultrassonografia dos testículos é útil em pacientes com suspeita de neoplasia testicular não

palpável ou para diferenciar causas intratesticulares de extratesticulares, em casos de aumento escrotal. Os tumores

testiculares podem provocar aumento generalizado do órgão e obliteração do mediastino testicular e do epidídimo.

Os tumores de célula intersticial podem ser bilaterais e geralmente são compostos de pequenos nódulos focais que

podem tornar­se confluentes, formando grandes massas nodulares.

Os tumores de célula de Sertoli, comuns em testículos ectópicos, causam aumento generalizado do testículo afetado e

atrofia do testículo contralateral. À ultrassonografia, esse tipo de neoplasia apresenta­se hipoecoico e bem delimitado, com

margem hiperecogênica e, às vezes, com áreas anecoicas no seu interior (Figura 6.54). No interior da cavidade abdominal,

com frequência tornam­se grandes e com ecotextura mista ou complexa.

Os seminomas testiculares apresentam­se, ultrassonograficamente, como grandes massas solitárias unilaterais e com

áreas de necrose e hemorragia. A vascularização da formação pode ser realizada pelo estudo Doppler (Figura 6.55).

A perplexidade na ecogenicidade e na ecotextura dos tumores testiculares gera, comumente, um padrão heterogêneo

misto, porém o uso de biopsias é raramente indicado, uma vez que o tratamento preconiza a remoção cirúrgica dos

testículos envolvidos.

Figura 6.51 Imagem de elastografia ARFI qualitativa de fibroadenoma mamário, em escala de cores, mostrando as

características da rigidez do tecido avaliado. Nota­se que o contorno da lesão em destaque é constituído de tecido mais

elástico em relação à região central da lesão.

Figura 6.52 Imagem radiográfica em projeção lateral­direita da região caudal do abdome de um cão macho, adulto, sem

raça definida, com neoplasia de próstata. À uretrocistografia com contraste positivo, notam­se a bexiga urinária deslocada

cranialmente e a uretra dilatada, irregular, estenosada, e também a presença de refluxo de contraste para o interior da

glândula.

Figura 6.53 Imagem sonográfica de neoplasia da próstata. Observa­se a ecogenicidade mista com ecotextura variável, em

razão dos focos múltiplos hiperecogênicos coalescentes e pouco definidos.

Figura 6.54 Imagem sonográfica em plano sagital de tumor de célula de Sertoli em testículo esquerdo de um cão, macho,

6 anos de idade, da raça Dogo Argentino. A. Testículo esquerdo aumentado com massa hipoecoica bem delimitada em seu

interior. B. Testículo direito atrofiado e com presença de área focal anecoica (seta).

Tomografia computadorizada e ressonância magnética

A presença de tumores, especificamente os intracranianos em cães e em gatos, era considerada infrequente até poucos anos

atrás, e o prognóstico, pela dificuldade de se localizar efetivamente a massa tumoral, era apresentado, quase sempre, como

pobre. Todavia, a disponibilidade de novas técnicas de diagnóstico na Medicina Veterinária, tais como a tomografia

computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM), fizeram mudar radicalmente a ideia que se tinha sobre tais

enfermidades, pois permitiram o desenvolvimento de condutas mais efetivas.

Os tumores primários intracranianos mais frequentemente relatados em cães são os astrocitomas, o tumor do plexo

coroide, os ependiomas, os meningiomas, os neuroblastomas e os oligodendrogliomas. Contudo, não existem estudos

realizados com seres humanos, em cães ou em gatos que indiquem um fator responsável pelo surgimento das afecções

intracranianas; entretanto, eventos genéticos, químicos, virais, traumáticos e imunogênicos devem ser considerados.

Figura 6.55 A. Área nodular hipoecogênica, levemente heterogênea, entremeada ao polo caudal de testículo esquerdo

(TE). B. Evidente vascularização central e periférica ao modo Power Doppler da área nodular hipoecogênica do TE. M =

massa.

Os tumores intracranianos ocorrem em cães de todas as raças, em qualquer idade, sem predileção sexual. Entretanto, a

maior incidência foi observada em animais considerados velhos, sendo mais frequente em cães com idade superior a 5

anos.

Os tumores oriundos de células gliais ocorrem mais em cães braquicéfalos, e os meningiomas, nos mesaticéfalos e em

dolicocéfalos. Estudo feito em 1986 com 50 cães portadores de neoplasia cerebral sinalizou que os quatro primeiros tipos

de tumores primários mais frequentes, por ordem decrescente, eram os meningiomas, os astrocitomas, o tumor do plexo

coroide (TPC) e os oligodendrogliomas. Os meningiomas, seguidos pelos astrocitomas, são relatados como os tumores

intracranianos mais frequentes em cães e gatos.

Cuidado especial deverá ser tomado ao se classificar um tumor intracraniano em benigno ou maligno, uma vez que,

dependendo dos fatores secundários presentes, alguns tumores citologicamente benignos podem ser considerados

biologicamente malignos. Não obstante, há de se considerar que a grande maioria dos tumores malignos é biologicamente

maligna.

Os tumores intracranianos primários em geral são solitários e de desenvolvimento lento. Todavia, pelo fato de o cérebro

encontrar­se alojado internamente no crânio, a despeito do lento crescimento, os efeitos podem ser desastrosos.

Diferentes padrões de disfunções neurogênicas ocorrem e dependem diretamente da localização, do tamanho e dos efeitos

secundários produzidos pelo edema, por hemorragias, necroses e inflamação. A despeito do crescimento lento, os sintomas

podem se desenvolver rapidamente, especialmente quando houver fadiga dos mecanismos compensatórios.

Baseando­se no histórico, nos sinais clínicos, nos exames físicos e neurológicos, é possível determinar se os problemas

estão relacionados ou não ao sistema nervoso central. A convulsão ou a mudança de comportamento, ou ambas, com ou

sem déficit neurogênico, são os sintomas mais comuns de tumores cerebrais em cães. Outros sinais neurogênicos

encontrados em cães portadores de tumores intracranianos espontâneos são paralisias, ataxia, andar em círculos e o déficit

proprioceptivo. Cegueira aguda, por exemplo, pode estar associada à neoplasia da glândula pituitária.

Tomografia computadorizada

A tomografia permite a obtenção de imagens seccionais livres de sobreposições de estruturas adjacentes que podem ser

produzidas nos planos sagital, dorsal, transversal e oblíquo, utilizando a radiação eletromagnética empregada na radiografia

convencional.

Independentemente da “geração” do equipamento, a imagem tomográfica resultante é uma matriz composta de numerosas

linhas e colunas de pixels que representam uma pequena espessura do tecido (voxel). Para cada pixel, o computador atribui

um número que representa o coeficiente linear de atenuação e, em consequência, a densidade do tecido no voxel. Esses

números variam de + 1.000 a – 1.000 em uma escala de Hounsfield, também denominada unidades de Hounsfield (UH). Na

escala, à cortical óssea atribui­se o valor de + 1.000 (branco na imagem), ao ar, o valor de –1.000 (preto na imagem), à

água, o valor zero (tom de cinza na imagem), e os demais tecidos apresentam diferentes nuances de cinza, de acordo com a

densidade.

O contraste e o brilho das imagens podem ser alterados, pelo operador, por meio da abertura e do nível da janela,

respectivamente, de acordo com a necessidade de visibilização dos tecidos de interesse. A janela para avaliação de tecidos

moles deve ter a espessura de 400 e um nível de 0 a 100. Para avaliação óssea, a espessura da janela varia de 300 a 400

com nível de 1.000. Para imagens de campos pulmonares, a espessura recomendada é de 1.200 e o nível é de 700 a 900.

Como na radiografia convencional, o que se analisa na TC são diferenças de densidades, descritas pela nomenclatura a

seguir como: isodensa, hipodensa ou hiperdensa. Isodensa representa atenuações semelhantes; hipodensa, atenuações

inferiores às do tecido considerado padrão; e hiperdensa se traduz em atenuações superiores às do tecido­padrão. Em geral,

o órgão em que se situa a lesão é considerado tecido­padrão.

Estudos pós­contraste ajudam na precisão diagnóstica. A via de administração pode ser intravenosa, oral ou ocorrer no

espaço subaracnóideo, com a finalidade de avaliar os tecidos moles do canal vertebral, realizando a tomografia com a

mielografia.

Para a avaliação do cérebro, emprega­se janela de tecidos moles, enquanto janela óssea e de tecidos moles são

geralmente utilizadas na avaliação da órbita, da cavidade nasal e dos seios paranasais. Administração de meio de contraste

IV pode realçar tecidos moles e vasos sanguíneos, entretanto imagens pré­contraste devem ser sempre realizadas, para

posterior comparação (Figura 6.56). A espessura dos cortes tomográficos na cabeça geralmente varia de 2 a 3 mm.

Na avaliação da cavidade nasal e dos seios paranasais, em especial, a tomografia se mostra uma excelente escolha, uma

vez que as imagens realçam de forma detalhada e nítida os seios, seu interior e a densidade em unidade de Hounsfield do

seu conteúdo (Figura 6.57).

A tomografia de tórax pode ser útil nos casos de formações primárias ou metastáticas em mediastino, pleura e pulmão

que não são detectadas no exame radiográfico convencional. Nódulos de 1 a 3 mm podem ser observados no exame

tomográfico, enquanto não são evidentes por meio da radiografia. Além dessa característica, a TC pode ser útil no

planejamento cirúrgico, caso a lobectomia seja considerada abordagem terapêutica (Figura 6.58).

Os linfonodos torácicos podem ser minuciosamente analisados, especialmente o linfonodo traqueobrônquico, com o uso

de contraste iodado intravenoso e controle dos movimentos respiratórios.

Janelas ósseas, de tecidos moles e pulmonares, são necessárias para uma avaliação completa da cavidade torácica.

Neoplasias na base do coração podem também ser identificadas na tomografia, apesar de o movimento cardíaco interferir

na aquisição da imagem.

O emprego da tomografia na avaliação da cavidade abdominal em Medicina Veterinária é pouco explorado, em virtude da

disponibilidade da ultrassonografia na rotina clínica e cirúrgica. A ultrassonografia tem permitido o diagnóstico presuntivo

de neoformação em vários órgãos abdominais, sendo ferramenta importante na obtenção de amostras citológicas ou

histopatológicas.

A avaliação tomográfica facilita o diagnóstico de neoplasias em coluna vertebral, medula espinal, meninges e

musculatura adjacente. Avaliação neurológica, radiografia convencional e mielografia podem prover informações

diagnósticas adequadas e devem preceder a tomografia. Avaliação pós­mielografia concomitante à TC fornece informações

mais precisas e detalhadas em comparação às obtidas na análise radiográfica (Figura 6.59).

Ressonância magnética

A RM, tal como a TC, produz imagens em diferentes planos do corpo, que, geradas nos eixos coronal, sagital e

transversal, permitem localizar, com precisão, uma grande variedade de lesões intracranianas. A RM ocorre quando o

núcleo atômico, apresentando propriedades magnéticas, interage com a radiação eletromagnética e com um campo

magnético, absorvendo e liberando energias passíveis de serem detectadas. O processo pelo qual o núcleo do átomo

estimulado retorna ao seu ponto de equilíbrio, liberando energia para o meio, é conhecido como tempo de relaxação. A RM

trabalha com dois tempos exponenciais constantes, denominados relaxação longitudinal (T1) e relaxação transversal (T2),

respectivamente.

O tempo entre cada pulso de radiofrequência (RF) é referido como tempo de repetição (TR), e o existente entre o início

de um pulso de 90° e o pico do eco, como tempo do eco (TE). As imagens T1 são produzidas usando­se tempo de

repetição curto (300 a 600 msec), e as T2, quando se aplica um longo intervalo de tempo (1.600 a 3.000 msec) entre cada

pulso da radiofrequência.

O próton de hidrogênio, presente em maior quantidade no sistema biológico, é considerado o mais importante para a

RM. A produção da RM é obtida especialmente pela perturbação desses núcleos através de um campo magnético externo.

Os tecidos que compõem o CNS, por apresentarem estruturas aquosas e lipídicas, são ideais para a RM. A água tem

valor considerado longo na relaxação longitudinal e, dessa forma, seu sinal é atenuado em T1, mas aparece na cor branca

nas imagens T2. O líquido cefalorraquidiano, quando comparado ao parênquima cerebral, da mesma forma que a água,

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